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A Greve na Universidade - Roberto Ramos*

O Governo Federal, mais preocupado em garantir metas de crescimento econômico, não destina orçamento suficiente para cobrir despesas com capital e custeio das Instituições de Ensino Superior, atendendo a um compromisso de Estado com a Educação.


 

            Na semana passada, professores e técnicos da Universidade Federal de Roraima aderiram a greve nacional: são mais de trinta instituições federais de ensino superior em greve por tempo indeterminado. Na região Norte, além da UFRR, pararam suas atividades a Universidade Federal do Acre, a Universidade Federal do Amapá, a Universidade Federal do Amazonas, A Universidade Federal de Tocantins e a Universidade Federal do Pará.

As razões principais desta greve devem-se ao aumento salarial dos servidores e aos recursos destinados à manutenção das IFES. O Governo Federal, mais preocupado em garantir metas de crescimento econômico, não destina orçamento suficiente para cobrir despesas com capital e custeio das Instituições de Ensino Superior, atendendo a um compromisso de Estado com a Educação. 

No Rio, as quatro universidades federais terminarão o ano de 2005 devendo R$ 31 milhões e calculam um déficit de R$ 81,7 milhões para 2006. 

Na UFRR, sabíamos desde o início que os R$ 3,1 milhões destinados pelo MEC não seriam suficientes para o pagamento das despesas básicas. O cálculo em janeiro de 2005 era de R$ 4,2 milhões. O mesmo acontecerá com o orçamento de 2006, caso seja mantido o aumento de apenas 15% em relação aos recursos deste ano.

Aos reitores das federais cabe a difícil tarefa de executar um orçamento que já se sabe não ser suficiente para o desenvolvimento das atividades acadêmicas.  Por isso é preciso que a sociedade compreenda a legitimidade desta greve, saber que o maior patrimônio de uma Universidade são seus professores, técnicos e estudantes.

O problema mais grave de custeio das universidades públicas é com o pagamento da energia elétrica. Na UFRR, ele corresponde a praticamente um terço do nosso orçamento. E, apesar dos esforços pela sua redução, a infraestrutura universitária (com prédios novos, aparelhos de ar condicionado para as salas de aula, equipamentos de pesquisa, iluminação do Campus etc) demanda um consumo crescente.

Se a Universidade não fosse obrigada a pagar energia elétrica como acontece em outros lugares, como por exemplo em Brasília, onde o Governo do Distrito Federal assume as despesas da Unb, investiríamos mais ainda na formação de profissionais cidadãos que posteriormente dessem a sua contribuição para o desenvolvimento de Roraima.

A UFRR é mais importante para o Estado de Roraima do que para o Governo Federal e como tal deveria receber dos poderes públicos locais um tratamento diferenciado.

A isenção da conta de luz permitiria que aumentássemos as bolsas de pesquisa e trabalho para os estudantes, a compra de livros para a biblioteca, o deslocamento de professores e técnicos para capacitação, além da melhoria na infraestrutura dos campi universitários, oferecendo mais cursos dentro da demanda do Estado e capacitando os já existentes. Nesse caso, o curso de medicina da UFRR poderia, por exemplo, aumentar o número de vagas oferecidas no vestibular se recebesse dos poderes locais o apoio para sua infraestrutura, o resultado seria mais médicos para atender à população do Estado.

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