- 12 de novembro de 2024
Como todos nós estamos mortos de cansados de saber, a memória nacional é curta, curtíssima. Alguns dias antes de estourar essa crise que ocupa todos os lances e espaços, o presidente Dom Luiz Inácio (PT-SP) declarou numa entrevista ser "unha e carne" com seu ministro Antônio Pallocci (Fazenda). E dias mais tarde, o nervoso senador amazonense Arthur Virgílio Neto (PSDB) afirmou ser o presidente "corrupto ou cretino".
Eis aí o grande dilema da vida nacional: Dom Luiz Inácio é corrupto ou cretino? O que se tem como inegável até o momento é que sua excelência tem escolhido mal, muito mal mesmo as suas companhias. Delegando pior ainda no campo das atribuições. Vamos mostrar dois rápidos exemplos: Ministério da Previdência Social e Banco Central (BC).
No primeiro caso, deixou uma raposa cuidando do galinheiro. E não sacou a menor providência (sem trocadilho), para corrigir tão má escolha. Apesar de os jornais e as emissoras de televisão terem despejado cargas de informações negativas, que deterioraram em muito a sua artificialmente elaborada imagem. Dom Luiz Inácio, cada vez mais entregue à bebida e à solidão, mostrou seu modo característico de agir, baseado na omissão.
Dessa forma, quatro meses de ferozes ataques depois, o senador Romero Jucá Filho (PMDB-RR) foi obrigado a abandonar o Ministério, no qual agiu como se clandestino fosse. Sem explicar a origem de sete fazendas fantasmas que apresentou na garantia de empréstimo milionário arrancado do Basa. E não se tem como afirmar com precisão se o presidente agiu como corrupto (cúmplice), ou cretino. Arthur Virgílio que o diga.
No segundo caso, o do BC, o presidente da República agiu ainda de maneira muito mais comprometedora: Henrique Meirelles, flagrado pela CPI do Banestado em diversas atividades criminosas (evasão de divisas e falsidade ideológica entre elas), foi contemplado com Medida Provisória que o elevou ao plano ministerial, evitando-se, dessa maneira, que viesse a ser acionado pela Justiça Comum.
E o alegre presidente do BC, conhecido em Washington (EUA) pelas festas orgíacas em que recebia convivas vestido com baby-doll de seda, livrou-se de tudo, ou quase tudo, até que caia fora do Banco Central, quando o processo sairá do Supremo Tribunal Federal - STF -, para o âmbito da Justiça comum. Meirelles é na verdade quem dirige nossa economia, acatando ordens que emanam dos salões de Washington.
Com relação à CPI Mista do Banestado, o Palácio do Planalto colocou como relator o deputado José Mentor (PT-SP), flagrado mais tarde no esquema do publicitário Marcos Valério, de quem recebeu alguns milhares de reais na boca do cofre do Banco Rural. Mentor fez tudo para livrar o Rural de citação, essa casa bancária que vem praticando todos os crimes financeiros possíveis desde a gestão Collor de Mello (1990-92).
Até hoje não se votou o relatório final daquela CPI, já que Mentor armou briga feia com seu presidente, senador Antero Paes de Barros (PSDB-MT), e cada qual redigiu seu próprio documento sem que qualquer dos dois fosse submetido a votação final. Como Mentor está agora na lista dos deputados federais que deverão ser cassados, imagina-se que alguma coisa terá de ser feita com relação à CPI, para retirá-la de lamaçal desmoralizante.
É essa a gestão de sua excelência, o despreparado e inocente Dom Luiz Inácio. Quando teve início o festival de denúncias capitaneadas pelo deputado federal Roberto Jefferson (PTB-RJ), o presidente afirmou, em cadeia nacional, que ao parlamentar seria capaz de entregar "um cheque em branco". Jefferson, cujo papel no esclarecimento da corrupção nacional é importantíssimo, está atolado até o pescoço na roubalheira.
Dom Luiz Inácio, a bem da verdade, sabe o que faz. É ele o verdadeiro chefe da quadrilha que junta petistas e aliados oportunistas, instalada com fome e sede jamais presenciadas, logo no iniciozinho dessa falta de governo. Todos negam "com veemência" assim que são descobertos, mas se vêem de imediato atropelados por provas devastadoras. Basta que se aprofundem as investigações.
A área militar se encontra alertada com a manobra do presidente e seus asseclas que desejam convocar camadas mais pobres da população à resistência, em defesa de possível reeleição. A estratégia se baseia no sentimentalismo, mexendo com o coração das pessoas, citando a mãe nos discursos e apelando para a emoção. Dom Luiz Inácio, que transmite a idéia de que nada sabe e nada faz, está na realidade consciente de tudo.
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