- 12 de novembro de 2024
Luiz Valério
Colaborador do Fontebrasil
[email protected]
A novela do nunca solucionado caso que envolve o roubo do cofre da Câmara de Vereadores de Boa Vista deverá ter novos capítulos nos próximos dias ou meses. Prestes a completar três anos do desaparecimento do cofre com mais de R$ 170 mil das dependências do Poder Legislativo, e depois do processo dormitar nas gavetas do Judiciário por quase um ano sem que a polícia ou a Justiça tenham conseguido dar uma resposta à sociedade, o episódio voltou a ser investigado pela Polícia Civil por solicitação do procurador-geral do Ministério Público do Estado de Roraima, Edson Damas da Silveira. Há dez dias o processo foi devolvido ao MPE e depois encaminhado às autoridades policiais para novas diligências.
Ao analisar o processo, Edson Damas percebeu que deixaram de ser cumpridos alguns procedimentos, como a realização da oitiva de ex-vereadores, que hoje ocupam cadeira na Assembléia Legislativa, e que deverão ser convocados para prestar depoimentos. Sob a responsabilidade do delegado Clayton Alexandre, do 3º Distrito Policial, o inquérito tramita em segunda instância e, por isso mesmo, corre em segredo de Justiça por ter o envolvimento de nomes de parlamentares, que desfrutam de foro privilegiado. Foi o que informou o presidente do inquérito.
Apesar de ter saído das mãos do relator José Pedro Fernandes há dez dias para novas diligências por solicitação do procurador-geral Edson Damas, o delegado Clayton Alexandre disse ao Fonte que faz somente cinco dias que o processo chegou às suas mãos. "Nós não podemos passar muitas informações acerca do processo porque ele corre em segredo de justiça devido ter o envolvimento do nome de parlamentares", justificou. Aliás, a solicitação para que o processo corra em segredo de justiça partiu do desembargador José Pedro Fernandes.
Ainda devem ser ouvidas pessoas implicadas no processo que estiveram presas em Roraima, mas foram transferidas para o Estado do Amazonas. O delegado, cumprindo o tal segredo de Justiça, não citou nomes nem o número de pessoas a serem ouvidas. Conforme a solicitação de Edson Damas, o processo deve permanecer em poder da Polícia Civil para o cumprimento das diligências necessárias durante um prazo de dois meses (60 dias). Isso pode ser um indicativo de que o que foi descoberto sobre o sumiço até agora inexplicável do cofre da Câmara Municipal de Boa Vista poderá ganhar novos contornos (ou não).
O SILÊNCIO - Ainda na Legislatura passada foi criada uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) na Câmara Municipal para apurar o fatídico roubo do cofre. Numa tentativa de pressionar a polícia para dar andamento às investigações, o então vereador e presidente da CPI, Ivo Catanhêde, ameaçou revelar todos os depoimentos colhidos pela comissão. Coisa de não aconteceu. Sem ser incomodada, a polícia também não demonstrou muita pressa nas investigações. Várias foram as cogitações feitas sobre os prováveis responsáveis pelo crime, mas até hoje o episódio continua envolto em total mistério.