- 12 de novembro de 2024
Chegou o momento de o senador Cristóvam Buarque (DF) anunciar sua saída do PT, dando troco à humilhação sofrida ao ser demitido do Ministério da Educação. Buarque é desses picaretas que só age com absoluta segurança, quando sente que o adversário se encontra nos estertores e não mais dispõe de possibilidade de reação. Seus impulsos são alimentados pela covardia.
Agiu assim, durante sua gestão governamental (1995-99) no Distrito Federal, ao permitir que opositores fossem perseguidos e enxovalhados em atitudes mesquinhas. E assim se comportou ao votar pela expulsão partidária da senadora alagoana Heloísa Helena e dos deputados federais João Fontes (SE), Luciana Genro (RS) e Babá (PA). Agora, ao perceber o encurtamento do lençol, decide sair correndo, pulando a janela do quarto.
Cristóvam Buarque é mentiroso contumaz, cuja reputação tem sido construída à base de manipulação precisa. Um PhD do engodo. Ele costuma exibir láureas falsificadas com a maior cara-de-pau. Dizia publicamente ser doutor em Economia pela Sorbonne francesa (1973) e doutor pela Universidade Federal de Pernambuco, até que o ex-reitor da UNB (Universidade Nacional de Brasília), professor José Carlos Azevedo o desmascarou.
Levantamento efetuado naquelas duas instituições deixou bem claro que sua excelência jamais fora agraciado com os títulos difundidos.
Não se condena o fato de Cristóvam Buarque abandonar o barco petista, até porque corre o risco de se afogar de vez na enxurrada de lama que vai cobrindo a maioria dos ratos. O que se discute é o oportunismo, pois o chamado Partido dos Trabalhadores se encontra talhado com encaixes irrefutáveis para o seu perfil. Primeiro, porque tem favorecido o capital internacional e empanturrado as casas bancárias com lucros vergonhosos.
Segundo, porque como prefaciador do livro do mega-especulador internacional George Soros (fato que omite), coloca-se sempre ao lado da banca internacional, enquanto verbera censuras à cupidez e à usura, tão-somente por interesses eleitoreiros de conveniência. O senador Cristóvam Buarque é figura muito sabida.
Se agisse com seriedade (e possuísse o caráter que a imagem tenta transmitir), o representante do Distrito Federal teria se desligado do PT em janeiro de 2004. Naquele mês (quando se encontrava em Portugal) foi defenestrado do cargo de ministro da Educação (onde exercitava sua hipocrisia), através de telefonema disparado pelo presidente da República.
E razão seja dada a Dom Luiz Inácio: o então ministro vivia pautado pela dúvida hamletiana do "Ser ou não Ser", dando uma no cravo e outra na ferradura, tentando ser mais realista do que o próprio rei. Ele estava permanentemente a favor e contra, como se fosse possível conciliar tese e antítese, sem possibilidade de síntese.
Em artigo publicado no Jornal do Commércio (PE) da última sexta-feira (12), o senador dá idéia concisa de como serão doravante suas atitudes com relação ao desgoverno que somente agora abandona, ao perceber que dele nada mais tem a arrancar.
Sob o sugestivo título de "Nós e nós" (ele é muito apegado a trocadilhos), Cristóvam Buarque ataca "a taxa de juros elevada e a corrupção desenfreada" que assegura "irão confundir estudiosos futuros de nossa história presente". Mas nada diz a respeito das acusações de corrupção a seu candidato governamental pelo DF, Geraldo Magela, apontado como receptor de recursos financeiros do esquema Waldomiro Diniz.
Colocando-se como puro, no referido artigo, ele desanca os que constroem prédios de luxo com dinheiro público, sem se referir às especulações de George Soros que admira.
O senador Cristóvam Buarque é inteligente e a muitos confunde com sua verve de laureado frustrado. Mas já está passando do ponto de embromação. Perdeu a dimensão das medidas e o senso de ridículo. Não entendeu que se o velhaco soubesse das vantagens de ser honesto, procuraria agir de forma honesta até mesmo por velhacaria.
Email: [email protected]