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ERROS PARA SEMPRE MULTIPLICADOS - Márcio Accioly

E não é difícil levantar a lista de nomes dos envolvidos: ela saía de dentro do gabinete presidencial, aprovada pelo mais alto mandatário, passava pela Casa Civil e se encaminhava por diversos setores, inclusive o Ministério da Fazenda.


O presidente da Venezuela, Hugo Chávez, ouviu o galo cantar, mas não sabe dizer onde. Em visita efetuada a seu amigo brasileiro, presidente Dom Luiz Inácio (PT-SP), o venezuelano afirmou que "existe um movimento de direita querendo derrubar o petista da Presidência do Brasil, liderado pelos EUA que pretendem exercer hegemonia no continente sul-americano". É o cúmulo da desinformação.

Além de se intrometer em assuntos que não são de sua alçada, Chávez misturou alhos com bugalhos, confundindo meia dúzia de desavisados. O que está acontecendo no nosso país é a constatação de que o presidente da República, ao se instalar no Palácio do Planalto, montou perigosa quadrilha de assaltantes cuja principal tarefa foi a de desviar recursos públicos em proveito pessoal ou de grupos.

E não é difícil levantar a lista de nomes dos envolvidos: ela saía de dentro do gabinete presidencial, aprovada pelo mais alto mandatário, passava pela Casa Civil e se encaminhava por diversos setores, inclusive o Ministério da Fazenda, onde seu titular, Antônio Pallocci Filho, tem ligações suspeitíssimas com malfeitores que o acompanham desde a sua passagem pela prefeitura de Ribeirão Preto (SP).

Esse tipo de intrometimento indevido é típico de líderes de repúblicas bananeiras. O ex-presidente FHC (1995-2003) chamava o então presidente do Peru, Alberto Fujimori, de "estadista", embora ali estivesse ocorrendo a maior aberração institucional, o próprio governo Fujimori, como depois ficou comprovado, inclusive com a prisão do braço-direito do presidente peruano, Vladimiro Montesinos.

Os EUA são o país menos interessado num possível afastamento do presidente brasileiro. A própria imprensa norte-americana já noticiou que o FMI e seus sequazes oferecem irrestrito apoio a Dom Luiz Inácio, cuja política econômica excede arrocho ditado pela banca capitalista mundial, em sacrifício imposto à sociedade brasileira.

Maior submissão só aquela presenciada na gestão FHC, sociólogo da boca de tuba que desnacionalizou a economia em mais de 78% e ainda hoje alimenta o sonho de retornar ao Planalto.

Como é que Hugo Chávez poderia falar em "integridade" no desgoverno dos assaltantes petistas, quando os bancos a cada trimestre confirmam lucros fabulosos e promovem o aumento da miséria e da massa de destituídos? Aliás, deve-se ressaltar, existe no Brasil uma tendência maliciosa de se classificar Hugo Chávez como golpista, quando ele, na realidade é quem sofreu vergonhosa tentativa de golpe sob a liderança dos EUA.

Os brasileiros, de forma inconsciente, costumam se referir ao venezuelano como "golpista", repetindo o que os meios de comunicação apregoam, de maneira dirigida ou por falta mesmo de informação (alguns poucos). Chávez veio se queimar mais um pouco ao se associar ao presidente brasileiro.

A contrariar a fala chavista sobre a honestidade de Dom Luiz Inácio, seria bom se a CPI Mista dos Correios atentasse para matéria veiculada na Veja, assinada por Policarpo Júnior, referindo-se ao doleiro Antônio Oliveira Claramunt, o Toninho de Barcelona, preso na penitenciária de segurança máxima de Avaré, interior de São Paulo. Com medo de morrer, quer ser ouvido e contar tudo que sabe acerca de transações financeiras.

O doleiro deseja revelar, por exemplo, quem era o responsável pela movimentação de altas somas entre o PT e o Banco Rural. Como com essa gente do Partido dos Trabalhadores não se brinca, basta ver que já foram assassinadas seis testemunhas do caso do então prefeito de Santo André, Celso Daniel (PT), seria altamente interessante convocar o apenado. A vida de Toninho está um horror! Ele corre sério risco.

Na Venezuela de Chávez, cujos níveis de miserabilidade e de corrupção nada ficam a dever ao Brasil, a gasolina custa sete centavos de dólar. No nosso país, cerca de dois reais e 50 centavos, dependendo da localidade. No país vizinho, embora os desmandos sejam também alarmantes, os recursos naturais continuam nacionalizados, não foram doado a grupos estrangeiros.

Por isso, surpreende que Chávez venha ao Brasil defender um presidente que se diz de esquerda, posa como marajá de potentado árabe e age como delinqüente que nada tem a perder. Só numa América do Sul que vive a confirmar disparates em vocação suicida.

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