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Pescoço na guilhotina - * Francisco Espiridião

Na terçafeira, um dos mais importantes mentirosos da República, o empresário Marcos Valério Fernandes de Souza (existem outros), disse alto e bom tom na CPI da Compra de Votos (Mensalão) que José Dirceu (ex-ministro e deputado federal - SP) era o principal avalista dos empréstimos que fez para alimentar o esquema de corrupção (diz que era caixa dois) no PT.


A cada dia que passa o pescoço do presidente Luiz Inácio Lula da Silva chega mais perto da guilhotina.

Na terçafeira, um dos mais importantes mentirosos da República, o empresário Marcos Valério Fernandes de Souza (existem outros), disse alto e bom tom na CPI da Compra de Votos (Mensalão) que José Dirceu (ex-ministro e deputado federal - SP) era o principal avalista dos empréstimos que fez para alimentar o esquema de corrupção (diz que era caixa dois) no PT. Por sua vez, Dirceu cansou de dizer que nada fazia sem o prévio conhecimento e devido assentimento de seu comandante-em-chefe, o presidente da República. Aí cabe investigação mais acurada, para que nenhuma dúvida paire sobre o mandatário maior da nação.

Na quarta-feira, surgiu a história de um empréstimo de R$ 29.436,26, feito pelo próprio presidente junto à tesouraria do PT, dinheiro que integrantes das CPIs dos Correios e do Mensalão acreditam ser da mesma vertente: o valerioduto.

Impressionante como as coisas andam nessa República da desfaçatez. Mesmo contra provas documentais fornecidas pelo Banco do Brasil, a camarilha busca freneticamente desvirtuar a verdade. Documentos mostram que Lula fez o empréstimo e pagou, ele mesmo, em quatro prestações.

A primeira parcela, paga em 30 de dezembro de 2003 (R$ 12 mil), a segunda, em 29 de janeiro de 2004 (R$ 6.000) e a terceira em 27 de fevereiro de 2004 (R$ 6.000). O BB não informou a data de depósito dos R$ 5.436,26 restantes.

Outro ponto de relevância nessa malfadada história é que o empréstimo foi tomado pessoalmente por Lula, em dezembro de 2003, quando se desligava do quadro de funcionários do PT, e só começou a ser pago exato um ano depois, sem que o PT tivesse cobrado juros ou acréscimos sob qualquer pretexto. Bonzinho, esse PT.

Se parasse por aí, seria menos mal. Ocorre que faltou mais ensaio entre os diversos atores dessa tragicomédia. Cada qual falando linguagem diferente fica difícil manter a trama num ponto aceitável de convencimento. O nissei Paulo Okamotto, amigo de Lula desde a década de 70, jura de pés juntos que pagou a dívida sem "encher o saco" do presidente com "coisas pequenas". Tirou o dinheiro do próprio bolso. Bonzinho esse Okamotto.

No mesmo dia em que Okamotto revela a boa ação, vem o ministro da Coordenação Política, Jacques Wagner, entornar o caldo. Batendo de frente com a documentação enviada pelo BB aos membros da CPI do Mensalão, Wagner negou peremptoriamente que Lula tenha feito qualquer empréstimo junto à tesouraria do PT.

Certo estava o senador petista Aloísio Mercadante (SP), ao afirmar em entrevista à Folha de S.Paulo: "Alguém não diz a verdade dentro do PT". Aliás, o procedimento não só da cúpula do Partido, mas também do alto escalão do Palácio do Planalto, leva a crer que não é só alguém que não fala a verdade. Muita gente está mentindo no PT. E no governo do PT.

Não fosse o interesse das "elites" em manter o "status quo", o "Lulagate" já teria sido deflagrado.

(*) Jornalista, autor de "Até Quando? Estripulias de um governo equivocado", nas bancas; E-mail: [email protected]

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