- 12 de novembro de 2024
Luiz Valério
Colaborador do Fontebrasil
A política em Roraima cada vez mais se nivela por baixo com o que de pior acontece no país nesses tempos de trocas de acusações de participação de parlamentares em esquemas de corrupção e desvio de dinheiro público.Durante a sessão da Assembléia Legislativa, nesta manhã, os deputados Titonho Beserra (PT), que faz oposição ao governador Ottomar Pinto (PTB), e Marília Pinto (PSDB), líder do governo na Casa, trocaram insultos e ofensas pessoais.
Tudo começou quando o parlamentar petista ocupou a tribuna para rebater as afirmações da deputada Marília, de que o Partido dos Trabalhadores teria se revelado "uma quadrilha", numa alusão às acusações de pagamento de propina pelo partido a deputados da base do governo Lula, o chamado "mensalão".
Titonho reconheceu que integrantes do PT erraram, mas disse que eles já assumiram publicamente suas falhas e serão punidos pelos erros que cometeram. "Quem errou já está pagando publicamente, já foi afastado do partido", disse. Ao fazer tal afirmação, o petista disse que a líder do governo não tem capacidade de reflexão e "sequer consegue pensar".
Ele afirmou ainda que a deputada, por ocupar o papel de líder do governo e ser filha do governador, "acha que ninguém consegue discernir e pensar como ela ou tem que aceitar tudo que ela diz". "Se Vossa Excelência pensa assim, aconselho que busque ajuda de um psicanalista para tratamento", disparou Titonho.
Ato contínuo, o deputado enumerou alguns casos que, segundo ele, configuram atos de improbidade administrativa no governo de Ottomar Pinto, como os sucessivos cancelamentos de edital para reforma do Hospital Maternidade Nossa Senhora de Nazareth e, inclusive, a dispensa de licitação para a contratação da empresa responsável pela obra, que foi executada pela empreiteira do empresário Kleber Filgueiras, esposo da deputada Marília Pinto.
Citou ainda as denúncias de desvio de recursos federais da ordem de R$ 2 milhões em Rorainópolis, durante a gestão da ex-prefeita Otília Pinto, irmã de Marília, cuja obra está sendo realizada atualmente pelo Governo do Estado. O suposto desvio envolve ainda o secretário estadual de Infra-estrutura, Anchieta Júnior, segundo o Ministério Público Federal. "Que nome se dá a isso? Isso não seria quadrilha?", questionou Titonho.
O clima esquentou quando a líder do governo subiu à tribuna para rebater as acusações e provocações de Titonho. Seguindo o mesmo tom, ela disse que o parlamentar petista "usa de informações mentirosas" e faz acusações sem estar munido de documentos que as comprove.
"Eu nunca subi à tribuna desta Casa para fazer nenhuma afirmação contra qualquer governo se não estivesse munida de papéis e sem antes os repassar para todos os senhores deputados e à Mesa Diretora", afirmou. Sobre a reforma da Maternidade ela não explicou ou rebateu o que disse Titonho. Se prendeu ao fechamento das 171 escolas em todo o Estado, transferindo a responsabilidade para as administrações anteriores.
Marília Pinto disse que Titonho usa de atitude "simplista" quando "trata um escândalo nacional [o do mensalão] com tanta simplicidade e superficialidade". A deputada provocou o oposicionista, dizendo que "a sua capacidade de entendimento não tem o alcance e a velocidade para compreender as coisas". "Sua atitude é inverdadeira (sic) e irresponsável", complementou.