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Tudo exatamente como dantes - Márcio Accioly

Boa parte de nossas instituições financeiras encontra-se estruturada apenas para promover a extorsão pura e simples da população brasileira. Trata-se de verdadeiro crime organizado, com o aval supremo do Estado, onde por mais que floresçam indícios e provas nada se encaminha no rumo da aplicação de penas prisionais para os culpados.


Boa parte de nossas instituições financeiras encontra-se estruturada apenas para promover a extorsão pura e simples da população brasileira. Trata-se de verdadeiro crime organizado, com o aval supremo do Estado, onde por mais que floresçam indícios e provas nada se encaminha no rumo da aplicação de penas prisionais para os culpados. É só fazer levantamento dos registros existentes, na comprovação dos fatos.Esse tipo de acontecimento, justiça se faça, não é novidade. Vem de longa data. Veja-se o caso do Banco Econômico, envolvendo seu dono, banqueiro Ângelo Calmon de Sá. Ainda durante o regime militar (1964-85), na gestão presidencial Ernesto Geisel (1974-79), Calmon de Sá foi acusado de ter agido ilegalmente com sua casa bancária, emitindo cheque sem fundos de cerca de 250 milhões de cruzeiros (dinheiro da época).E qual o resultado de tudo isso? Foi punido? Não. O que aconteceu foi sua nomeação para o Ministério da Indústria e Comércio de Geisel, tomando posse no dia 09/02/77 e saindo do cargo ao término do mandato do general, em 15/03/1979. Durma-se com tal barulho. Isso, em pleno regime militar, aquele que tinha vindo para moralizar as ações do poder público!Depois de ter sido amigo íntimo do senador baiano ACM (PFL), com quem dividia mesa e confidências, o banqueiro caiu em desgraça: como sua companhia tornou-se perniciosa, ACM o chamou de ladrão através da grande imprensa e tudo ficou por isso mesmo. Nada aconteceu. É preciso notar que ACM é figura carimbada num monte de falcatruas, conhecendo o mundo organizado do crime estatal por dentro de suas entranhas.Quando morava em Washington (e promovia festas nas quais recebia convivas, ele próprio vestindo reluzente baby-doll vermelho), o atual presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, cometeu todo tipo de crime tipificado pela legislação financeira do Brasil. À época, sua excelência presidia o BankBoston. Praticou crime de evasão de divisa e sonegação, segundo foi apurado na CPI do Banestado.Depois que tudo isso foi tornado público, que fez o presidente Dom Luiz Inácio? Baixou Medida Provisória em que colocou o cargo de presidente do BC no mesmo nível ministerial, impedindo, dessa forma, que Meirelles fosse acionado na Justiça Comum.

O presidente da República valeu-se de lei criada no apagar das luzes da gestão FHC (1995-2003), de autoria do deputado federal Bonifácio Andrada (PSDB-MG), para livrar meliantes contumazes de maiores apuros. E ainda há quem afirme sem pestanejar que sua excelência, o presidente da República, tem agido honestamente. Quando a maioria de seus atos pode e deve ser classificada, no mínimo, como engodo.Veja-se o caso do Banco Rural, metido em falcatruas desde a era Collor de Mello (1990-92). Não faz sequer um mês, o presidente do BC foi conversar com o presidente da CPI dos Correios, senador Delcídio Amaral (PT-MS), querendo aliviar a barra do Banco Rural, pois entende que se essa instituição criminosa for execrada, como está sendo, corre-se o risco de desmonte estrutural no setor financeiro.Ora, quer dizer que o Rural pode continuar roubando, fraudando, desviando recursos e contrariando toda a legislação, sem ser importunado, pois se for punido o país desaba? Tenha paciência! Se as pessoas tiverem juízo, não irão colocar recursos financeiros aos cuidados de casa bancária com tal história. O fato é que tudo se repete em mote contínuo e nenhuma medida corretiva é aplicada.

Desde o período Collor, o Banco Rural pratica irregularidades e ninguém é punido. Quem é que se lembra dos desmandos no antigo Banco Nacional? Os depositantes tiveram prejuízo descomunal e ficou tudo por isso mesmo.Ainda existe a história da casa bancária pertencente a Cacciola (que fugiu para a Itália) e, mais recentemente, o Banco Santos, onde um dos únicos a se salvar foi o ex-presidente José Sarney (amigo do dono) que por incrível coincidência retirou tudo que lhe pertencia às vésperas da decretação de falência da instituição. São essas histórias que expõem um Brasil fraturado, onde os únicos favorecidos são os corruptos juramentados.

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