- 12 de novembro de 2024
"Sai daí correndo, Zé, sai logo!", conclamava em tom irônico, mas ameaçador, o deputado "Bob" Jefferson, nos primeiros minutos do jogo, digo, desse malformado rolo que se transformou em pântano pegajoso, e que a cada dia envolve mais e mais "excelências" acima de qualquer suspeita, transformando em esterco as mais respeitabilíssimas autoridades e instituições da República.
O Zé saiu. Correndo. Antes, discurso apologético:
"Eu não me arrependo de nada que fiz no governo do presidente Lula. Tenho as mãos limpas, o coração sem amargura e com a mente colocada naquilo que sempre lutei, que é pelo Brasil, pelo povo brasileiro. Por isso saio de cabeça erguida do ministério".
Há quem tenha dado um voto de confiança a tal discurso. Principalmente aqueles que não gostam de ler, não têm acesso à Internet, ou se informam única e exclusivamente através dos televisivos jornais da Rede Globo. Tudo bem. Há quem acredite ainda que Lula de nada sabia...
Voltemos ao Zé. É degradante olhar hoje para aquele que foi o "todo-poderoso-primeiro-ministro". O semblante de José Dirceu é próprio dos que jogaram a toalha. Olhar de menino assustado, pilhado numa presepada. Numa traquinagem da grossa. Olhar de menino travesso que sabe que não escapará da surra a ser aplicada pelo severo pai.
A cada dia os fatos mostram que "Zé" tem toda a razão do mundo para estar desconfiado. Engoliu a seco a própria empáfia, a própria prepotência. Provou do próprio veneno.
Disse na Comissão de Ética da Câmara, na terça-feira, que não era verdade o episódio relatado por "Bob" Jefferson sobre a "Operação Portugal", realizada na ante-sala do presidente Lula. Mentiu.
Ontem soube-se que a ministra da Casa Civil, Dilma Roussef, enviou ofício à CPI, datado de 28 de julho passado, em forma de "aviso", sob o número 767, onde afirma que registros daquele Ministério dão conta que o então ministro José Dirceu recebeu mesmo Marcos Valério dias antes deste embarcar para Portugal, acompanhado de Emerson Palmieri, o tesoureiro informal do PTB. O encontro durou cerca de 30 minutos. Confirma-se, portanto a versão de "Bob" Jefferson à Comissão de Ética.
Corrupção no Brasil sempre existiu, como existe em qualquer outro lugar do mundo. É própria de seres humanos. Mas a falta de similaridade no que se vê hoje em relação ao restante dos 504 anos de Brasil está exatamente na extensão da desdita. A roubalheira tornou-se sistêmica. Infecção generalizada. Está em toda a dimensão governamental.
Que o PT não criou a corrupção nem inventou a roubalheira, é fato. Mas que lhe deu uma nova cara, ah, isso deu... Com o PT no poder, a falta de vergonha é "de cabo a rabo". Está presente em todos os quadrantes da administração pública. Em qualquer lugar onde haja um "compadre", digo, "companheiro" tomando conta. PT Saudações.
(*) O autor é Jornalista, autor de "Até Quando? Estripulias de um governo equivocado", ainda nas bancas.