Marcelo Ferreira/CB/22.1.05 Queda nos preços dos produtos agrícolas garantem mais uma deflação do IGP-M que ficou em -034% Os consumidores terão um bom alívio no bolso nos próximos meses. Além de não prever nenhum aumento para os combustíveis até o final do ano, o Comitê de Política Monetária (Copom) reviu para baixo as estimativas de reajustes para as tarifas de telefonia e energia elétrica.
Queda nos preços dos produtos agrícolas garantem mais uma deflação do IGP-M que ficou em -034%
A se confirmarem as previsões do Banco Central, os consumidores terão um bom alívio no bolso nos próximos meses. Além de não prever nenhum aumento para os combustíveis até o final do ano - mesmo com a Agência Nacional de Petróleo (ANP) assinalando que há uma defasagem de 30% nos preços -, o Comitê de Política Monetária (Copom) reviu para baixo as estimativas de reajustes para as tarifas de telefonia e energia elétrica. Pelas contas do Copom, em vez de subirem 8,6% neste ano, as contas de telefone ficarão, na média, 6,5% mais caras. Já a luz elétrica, para a qual se estimava aumento de 10,8%, será reajustada em 8,2%. Com isso, os preços controlados pelo governo terão alta média de 7,3%, 0,3 ponto percentual a menos que o previsto até o mês passado.
Na opinião do economista Carlos Thadeu Filho, do Grupo de Conjuntura da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), as novas projeções do Copom devem ser consideradas conservadoras. "Creio que os reajustes das tarifas ficarão bem abaixo dessas estimativas", afirmou. Segundo ele, com os índices gerais de preços (IGPs) em deflação há três meses consecutivos - "movimento que deve ser inverter somente na segunda quinzena de setembro" -, tanto os aumentos das tarifas deste ano quanto os do ano que vem serão muito menores que o esperado.
"Pelos meus cálculos, o Índice Geral de Preços do Mercado (IGP-M), que reajusta as contas de luz, fechará este ano em 2,68%. Já o Índice Geral de Preços - Disponibilidade Interna (IGP-DI), que atualiza as tarifas de telefonia, ficará em 2,7%. São projeções muito menores que as do mercado, que giram em torno de 4%", disse o economista da UFRJ. Para ele, o alívio das tarifas públicas será um ganho e tanto. É que, com os reajustes exagerados dos últimos anos, as famílias, sobretudo as mais pobres, viram o poder de compra reduzido. "À medida que a renda for melhorando e as tarifas, subindo menos, o orçamento doméstico ficará mais flexível e sobrará mais dinheiro para o consumo, o que estimula a atividade produtiva", ressaltou.
Terceira deflação Ontem, a Fundação Getúlio Vargas (FGV) informou que o IGP-M fechou julho com deflação de 0,34%, a terceira taxa negativa consecutiva. O resultado surpreendeu os analistas, que estimavam deflação menor, entre 0,1% e 0,3%. O índice foi influenciado pela queda contínua nos preços dos produtos agrícolas e industriais (matérias-primas) e pela queda dos preços do dólar. Segundo o coordenador de Análises Econômicas da FGV, Salomão Quadros, a baixa do IGP-M só não foi maior devido o aumento das contas de telefonia fixa.
Ao contrário de Thadeu Filho, que trabalha com IGPs negativos ainda em agosto, Quadros ressaltou que o período de deflação está chegando ao fim, e comparou o quadro atual com o período de maio a julho de 2003, quando o IGP-M também registrou três taxas negativas consecutivas - de 0,26%, de 1% e de 0,42%, respectivamente. Para Quadros, naquela época, o desaquecimento da economia era mais intenso, por causa do forte aperto monetário imposto pelo Banco Central. " Creio que a queda deste mês será a última consecutiva", destacou.