- 12 de novembro de 2024
Toni Marques, Elenilce Bottari e Ramona Ordoñez - O Globo
RIO - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse nesta sexta-feira que não serão as elites brasileiras que vão fazê-lo "baixar a cabeça". Lula, que participou da solenidade de posse do novo presidente da Petrobras, Sérgio Gabrielli, afirmou para uma platéia de petroleiros na Refinaria de Duque de Caxias (Reduc), na Baixada Fluminense, que o país está numa rota de crescimento sustentado.
- Neste país está para nascer alguém que venha querer discutir ética comigo. Eu digo sempre o seguinte: sou filho de pai e mãe analfabetos. Minha mãe não era capaz de fazer um "o" com um copo. E o único legado que eles deixaram, não apenas para mim, mas para toda a família, é que andar de cabeça erguida é a coisa mais importante que pode acontecer para um homem ou um mulher. E eu conquistei o direito de andar de cabeça erguida neste país com muito sacrifício. E não vai ser a elite brasileira que vai me fazer baixar a cabeça - afirmou o presidente, que foi bastante aplaudido.
O presidente disse, ainda, estar consciente do que está acontecendo no país neste momento e garantiu que todas as denúncias serão investigadas. Mais cedo, ao discursar durante a inauguração do complexo tecnológico de medicamentos, da Fiocruz, em Jacarepaguá, zona oeste do Rio, Lula disse que o governo deve se preocupar em trabalhar, enquanto as investigações avançam.
- Penso que é preciso fazer uma espécie de divisor de águas. O debate no Congresso Nacional é a coisa mais legítima do fortalecimento da democracia brasileira. Mas eu tenho dito que nosso lema é deixar o debate acontecer. E o papel do governo é trabalhar, trabalhar, trabalhar. Porque o que o povo quer mesmo é resultado. O que ele quer mesmo é saber que no frigir dos ovos a sua vida vai estar melhor do que quando entramos no governo - disse o presidente.
De Jacarepaguá, Lula seguiu de helicóptero para a Reduc. Na entrada da refinaria, cerca de 40 integrantes do Fórum Sindical dos Trabalhadores, movimento ligado ao PDT, protestaram contra 'a corrupção no governo' e a política econômica.
Embora o presidente não tenha passado pelos manifestantes, houve um pequeno tumulto porque os trabalhadores aproximaram o carro de som da entrada principal da Reduc, prejudicando circulação de pessoas que chegavam para a solenidade. A Polícia Militar, no entanto, interveio e os manifestantes recuaram.