- 12 de novembro de 2024
Por Marlen Lima
O Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Estado de Roraima (Sinjoper) vive mais uma crise dentro de sua diretoria e junto aos seus sindicalizados. Na avaliação dos entrevistados essa crise é a mais grave, pois se chegou num limite onde os jornalistas estão discutindo o afastamento temporário ou definitivo do presidente da classe, o jornalista Humberto Silva.
Desde que foi reeleito, em setembro do ano passado, para o seu segundo mandato à frente da categoria por mais dois anos, Humberto Silva vem enfrentando dificuldades, e essa é a pior já que está sendo cogitada a renuncia do seu cargo de presidente, devido à má gestão que vem tendo à frente do Sinjoper.
Em várias entrevistas feitas com jornalistas ficou constatada que Humberto Silva é um presidente que não está representando como devia sua categoria por justamente estar atrelado a um grupo político. Desde que assumiu o comando do Sinjoper ele não se licenciou do cargo para poder não entrar em conflito entre defender os jornalistas e patrões. Claramente, ao não se afastar Silva optou em estar ao lado dos patrões, e isso fico evidente quanto as suas posições à frente do sindicato,e os fatos comprovam isso.
Para tanto, existe um movimento grande insatisfação entre os filiados e na própria diretoria do sindicato que deve gerar um documento solicitando uma Assembléia para que seja discutida a permanência de Humberto Silva na direção do Sinjoper, bem como um balanço das contas e recadastramento e mais o parcelamento das dívidas dos filiados.
O Secretário-geral do Sinjoper, Fernando Eder revela que do jeito que está não dá mais para continuar e providências devem ser tomadas, e concorda que um dos mecanismo para isso é através da Assembléia.
A editora-chefa de Jornalismo da TV Roraima, repetidora da Globo no Estado, Airlene Carvalho, revela que ultimamente não tem visto atuação do sindicato, e nem mesmo em relação a evento de cursos, "para o fomento na troca de idéias, de conhecimentos". Ela concorda que a discussão do que é melhor e do que deve mudar dentro do Sinjoper deve ser feita através de iniciativa do próprio sindicato, mas também dos sindicalizados, "que podem e devem participar mais".
O Segundo Tesoureiro, Jailton Cordeiro afirma que a situação de Humberto é insustentável. Segundo ele o presidente do Sinjoper não está prestando contas do que entre em dinheiro e o que sai para pagamentos, "e eu já pedi dele esclarecimentos, mas nunca deu retorno disso, e isso são coisas que vão se agravando".
Muitas são as reclamações que recaem sobre o presidente do Sinjoper, entre elas a mais grave, que é a de que Humberto Silva está por trás da produção de um site apócrifo que só fala mal de certos grupos políticos, sempre ressalvando o grupo liderado pelo casal Romero e Teresa Jucá, a quem ele serve com presteza, dedicação, afirma um jornalista.
Quem afirma que o site apócrifo www.macuxi.com é o vice-presidente do Sinjoper, Gonzaga de Andrade, que deixou de bater chapa com o Humberto Silva, ano passado, por passar a entender que o melhor seria somar forças na reeleição de um só nome. Ele garante que tem provas da acusação.
MEDO
Dos entrevistados, os poucos que optaram em falar afirmam que não existe o que dizer do Sinjoper porque não existe atuação em prol dos sindicalizados. "Não tem o que falar, não tem sindicato", afirma Nei Costa. "Não tem nada o que ser dito", ressalta Wirismar Ramos.
Muitos jornalistas preferiram não dar declaração por receio de que possam ser prejudicados em seus trabalhos já que como assessor de Teresa e Romero Jucá, Humberto Silva poderia ser uma ameaça real, "pois ele tem influência e existe o risco de se inventar alguma coisa e até ele achar que pode cancelar o registro profissional do jornalista", disse um jornalista que presta assessoria de comunicação no governo.
O que muitos jornalistas desejam é que o Sinjoper seja como no passado, sendo mais atuante em defesa dos interesses dos profissionais de comunicação, "sendo imparcial, procurando se manifestar e criar movimentos em defesa dos jornalistas que estão se sentindo desamparados", diz uma profissional que teme algum tipo de represálias.
CULPA DE TODOS -
Uma coisa que tem ficado claro nas discussões entre os jornalistas é que o pecado de Humberto Silva em não estar fazendo o trabalho devido, o trabalho correto que é o de proteger e lutar em prol do sindicalizado, ou seja, defender os interesses dos jornalistas contra a exploração dos patrões, o Sinjoper tem cometido o maior de seus erros que é estar sendo omisso em situações de total abuso de poder dos políticos que são donos de veículos de comunicação.
Mas é também de reconhecimento da maioria dos entrevistados que os próprios jornalistas sindicalizados, e até mesmo os que não estão ainda filiados ao Sinjoper, que existe um erro de não cobrar mais ações e mudanças na condução dos trabalhos do sindicato. Tem faltado mais espírito de sindicalista nos jornalistas para reivindicar e ir atrás de corrigir os erros.
O Sinjoper,por exemplo, não tem nenhum sistema de cobrança para arrecadar a contribuição sindical de cada mês de seus filiados. Poucos são os que pagam todo mês sem que recebam alguma notificação para isso. Outros preferem,por revolta e indignação, nem pagar mais a contribuição porque acreditam que não vale mais sentido pagar por algo que não está funcionando.
SILÊNCIO
Sobre tudo que vem ocorrendo no Sinjoper, e até sobre a carta a Fenaj - Federação Nacional dos Jornalistas, que foi enviada por integrantes da diretoria revelando os últimos acontecimentos, o presidente da categoria, Humberto Silva foi procurado pela reportagem, mas ele não quis dar nenhuma declaração, afirmando que não falaria mais com o Fontebrasil sobre esse assunto e outros mais.