AS VANTAGENS DO CAMPO - Márcio Accioly

Boa Vista - É impressionante como se foge à responsabilidade no nosso país, em todos os crimes e malfeitorias. O sujeito é flagrado com milhões e milhões de reais ou de dólares, mas não responde diretamente pelo delito, pois afirma desconhecer o assunto. Veja-se o caso de Adalberto Vieira da Silva, preso no aeroporto de Congonhas na última sexta-feira (08), com 200 mil reais em uma valise e 100 mil dólares dentro da cueca.

Assessor parlamentar do deputado cearense José Nobre Guimarães (PT), que é irmão do ex-presidente nacional do PT José Genoíno, Adalberto declarou que ganhou toda essa dinheirama vendendo verduras na Ceagesp (Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais do Estado de São Paulo). Por isso que o custo de vida está tão alto. Olha só a importância pecuniária do coentro e da cebolinha!

No Brasil, a impressão que se tem é que as únicas pessoas que ganham dinheiro de fato são as que não dedicam muito tempo ao trabalho. Os assalariados que são os únicos a pagarem imposto de renda (descontado na fonte), são incomodados com toda sorte de achaques e vivem como escravos. Eles sustentam a nata do lixo, maioria esmagadora dos mandatários em todos os níveis.

Foi também na sexta-feira que o deputado estadual maranhense Domingos Dutra (PT) confirmou, em depoimento à Polícia Federal, que o tesoureiro do seu partido naquele estado (Luís Henrique Sousa) relatou que o Diretório Nacional da Legenda havia enviado uma mala de dinheiro com 327 mil reais não registrados na prestação de contas ao TRE-MA "para cobrir dívidas da campanha eleitoral do ano passado".

Domingos Dutra está praticamente rompido com o seu partido, desde que Dom Luiz Inácio resolveu abrir as portas para o ex-presidente da República (1985-90) e atual senador José Sarney (PMDB-AP), a quem o PT do Maranhão combate ferozmente. O parlamentar estadual é autor de livreto no qual enumera e detalha grande parte das patifarias postas em prática pelo bigodudo maranhense e família.

Na segunda-feira (11), bem cedinho, a Polícia Federal interceptou, no aeroporto de Brasília, um avião particular com sete pessoas que levavam sete malas abarrotadas de dinheiro. O principal passageiro era o deputado federal João Batista Ramos da Silva (PFL-SP), pastor da Igreja Universal e sócio do bispo Edir Macedo.

Todos foram conduzidos à Superintendência da PF, em ação comandada por Davi Servillo, delegado de crimes financeiros. De imediato, a cúpula do PFL, comandada pelo senador Jorge Bornhausen (SC) marcou reunião para a quarta-feira (13), quando pretende ouvir o parlamentar paulista e decretar sua expulsão.

Bornhausen não está para brincadeira. Ex-membro da tropa de choque do ex-presidente Collor de Mello (1990-92), o senador dizia na época que a CPI aberta contra sua então excelência "não iria dar em nada". O PFL pretende fazer bonito na próxima campanha presidencial e o único caminho possível é tentando apagar vestígios de alguma cumplicidade indesejada.

Tem muita gente boa querendo se esconder no centro do furacão, agarrando-se com unhas e dentes ao manto da impunidade. Prova disso é o fato de o ex-presidente da Câmara, deputado federal João Paulo Cunha (PT-SP), aquele que mandou a PM do Distrito Federal invadir à Casa e baixar o cacete nos velhinhos que protestavam contra a reforma da Previdência, ainda não ter sido convocado para depor na CPI dos Correios.

Se existe quem pode contar muita coisa, certamente não saberá dizer mais do que João Paulo. Ele fechou contrato com a empresa de publicidade de Marcos Valério, quando era candidato à Presidência da Câmara, firmando depois um contrato de publicidade de cerca de dez milhões e meio de reais para divulgar as atividades daquela Casa Congressual. Aberração maior é impossível.

O arrogante e prepotente deputado anda se escondendo, mas é preciso que alguém se lembre dele e o intime a depor. Enquanto tal não acontece, quem tiver alguma área de terra disponível que trate de plantar batata, tubérculo altamente nutritivo. Depois que o assessor do deputado cearense alcançou tão invejável rentabilidade financeira com as verduras, não nos resta mais nenhuma outra opção que não seja a de diversificar no plantio.

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