Crônica do Aroldo - ONTEM E HOJE

)Lobby - corredor, em inglês;  Lobista - aquele que usa de argumentos com pessoas-chave para atingir interesses próprios, ou de terceiros, atropelando os trâmites normais. Traduzindo, mais popularmente, "lobby" seria uma "conversinha-de-pé-de-ouvido".

Os lobistas têm verdadeiro pavor de eletrônica, diria que eles sofrem de eletronicofobia  (Olhaí  senhores filólogos: anotem esse verbete!), que o digam aqueles que  negociaram com Nicolau, Silveirinha, Celso, Cachoeirinha, Nascimento, Bastos, Waldomiro, Jefferson, Marinho, Delúbio, Monteiro, etc.  Os lobistas, assim como grande parte dos políticos brasileiros, têm ojeriza a ex-motoristas, ex-mulheres, ex-genros, ex-secretários...  

Um amigo meu, homem de poucos estudos (ontem era ignorante; hoje, iletrado), dotado, no entanto,  de grande inteligência, espirituosidade e muito bom humor disse-me, certa vez, depois de ler sobre um caso de corrupção:

- Meu filho, os tempos mudaram...: antigamente, ladrão era ladrão; hoje, chamam de lobista. Sendo um termo novo, originado da língua inglesa, dá-nos a impressão de que lobista seja  uma pessoa íntegra; merecedora de respeito... Houve um tempo em que honestidade era virtude; hoje é sinônimo de leseira: burrice.  O quente é ser desonesto. A "lei de Gérson"(1) está acima de todas as leis, numa verdadeira inversão de valores. O que será de nossos filhos, aprendendo com as notícias diárias - e com alguns de nossos atos? - que o jeitinho brasileiro e a propina são o caminho mais fácil para atingir objetivos? Furar filas, cortar no trânsito, usar de conhecidos influentes para conseguir vagas em escolas públicas de "categoria menos ruim", colar numa prova, comprar gabaritos de testes, corromper professores para tornar azul uma nota vermelha, arranjar atestados médicos falsos para justificar uma falta na escola ou no trabalho, falar com políticos para obter dispensa do serviço militar, comprar carteiras de habilitação, dobrar policiais para dispensa de uma multa, usar de pessoas influentes para arranjar empregos ou conseguir indicação para cargos de confiança, falsificar documentos para habilitar-se a cargos de vulto ou mesmo participar de uma licitação(?), usar políticos para conseguir leitos em hospitais e deslocamentos para "tratamento fora de domicílio" e, até, pagamento de serviços funerários de primeira...

Alguns sociólogos falam que o povo brasileiro é um povo honesto. Pelo amor de Deus:  ou a palavra honestidade perdeu seu significado, ou nossa elite pensadora perdeu o senso de valores.  

Mas, voltemos um pouco à fala de meu amigo, aquele que comentava o caso de corrupção:

- Meu filho, no meu tempo, piroula(2) era piroula(2), hoje é desfalecimento súbito... Viado era viado; hoje, é homossexual... Puta era puta; hoje, é mercenária do corpo... Cafetina era cafetina; hoje, é corretora sexual... Leso era leso; hoje, é excepcional; Tarado era tarado; hoje, é pervertido moral... Ladrão (mesmo o de colarinho branco) era ladrão; hoje, é lobista;

(1)Lei de Gérson - "Temos que tirar vantagem em tudo." (Frase usada  por Gérson,  armador tricampeão  da Seleção Brasileira de Futebol, numa propaganda de cigarros); (2) Piroula - o mesmo que piripaque (entenderam?)