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Agricultores continuarão acampados em frente ao Incra

Agricultores dos 34 projetos de reforma agrária existentes no Estado de Roraima, acampados em frente ao Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra-RR) desde o dia 4 do corrente mês, lá permanecerão até que a direção nacional da autarquia negocie sua pauta de reivindicação.


 

Agricultores dos 34 projetos de reforma agrária existentes no Estado de Roraima, acampados em frente ao Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra-RR) desde o dia 4 do corrente mês, lá permanecerão até que a direção nacional da autarquia negocie sua pauta de reivindicação. O "acampamento dos esquecidos", articulado pela Central dos Assentados de Roraima (CAR), conta com o apoio logístico da Comissão Pastoral da Terra (CPT) e Federação dos Trabalhadores na Agricultura (Fetag-RR), entre outros.

Em telefax enviado ao superintendente da Polícia Federal, no dia da desocupação da sede do Incra (6/07) com a presença da PF e a tropa de choque da PM, o presidente do Incra, Rolf Hackbart informou que no próximo dia 12 o ouvidor agrário nacional, desembargador Gersino José da Silva, deslocará até Boa vista para junto com representantes do Instituto, negociar a pauta de reivindicações dos trabalhadores rurais. Segundo a diretoria da CAR, enquanto não houver negociação, os agricultores permanecerão mobilizados e buscarão novos aliados.

Na avaliação do presidente da Fetag-RR, Juarez Pereira, a reivindicação é justa e adiantou que a entidade estará apoiando os trabalhadores naquilo que for possível. Juarez revelou que se as coisas não forem resolvidas no diálogo, a partir de 1º de agosto a Fetag-RR com o apoio da Contag estará mobilizando todos seus associados para unir forças com a Central dos Assentados na luta em favor dos agricultores.

O coordenador da CPT, Ralf Weissenstein, declarou que apóia a pauta de reivindicações dos agricultores. Solidário a luta dos assentados ele colocou a disposição deles toda infra-estrutura da entidade como assessoria jurídica, computador, internet, telefone, sala para reunião, banheiros. Em razão da proximidade da sede da CPT do prédio do Incra, o pátio da entidade foi transformado pelos acampados em cozinha e dormitório. 

Segundo um dos coordenadores do "acampamento dos esquecidos", Luís Pereira (o Fininho do Taboca), a pauta encaminhada ao Incra pela Central dos Assentados de Roraima (CAR), consta de 36 reivindicações. A primeira delas exige que a negociação seja feita diretamente com a direção nacional do Incra e do Ministério de Desenvolvimento Agrário (MDA). A segunda reivindicação exige a exoneração imediata do atual superintendente do órgão, o acreano João Batista Ferreira dos Santos, que assumiu o cargo no início de novembro de 2004 e até agora não cumpriu nada do que prometeu.

Fininho informou que atualmente têm aproximadamente 600 agricultores dos projetos de assentamento mobilizados em Boa Vista e esse número vai atingir 1.200 agricultores até dia 12. Contudo, revezando-se no acampamento ele esclareceu que existem cerca 150 trabalhadores, entre homens e mulheres, mobilizados e acampados em precárias tendas de lona preta.

A diretoria da CAR defende a posição de que o superintendente do Incra deve ser um técnico da casa, com o apoio da maioria dos servidores. Tanto o presidente da Fetag-RR, Juarez Pereira, como o coordenador da CPT, Ralf Weissenstein, também são a favor da mudança do superintendente regional. Os dois argumentam que o superintendente tem que ser uma pessoa que conheça as realidades agrária e fundiária de Roraima, que é completamente diferente do restante do País.

O presidente da Central dos Assentados de Roraima, Antonio Ailton, não estava presente no acampamento e nem pode ser contatado porque tem um mandado de prisão contra ele. Isto porque ele foi responsabilizado pela ocupação da sede do Incra-RR no dia 4 do corrente mês. Quanto a rua onde os agricultores estão acampados, foi fechada por um cordão de isolamento, feito pela Polícia Militar, que mantém presença diária no local, como nos tempos da ditadura militar.

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