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Reportagem mostra que Valério é avalista do PT

Reportagem publicada na edição deste sábado da revista "Veja" revela que o publicitário Marcos Valério Fernandes de Souza, apontado pelo deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ) como o operador do mensalão, foi avalista de um empréstimo de R$ 2,4 milhões do BMG, em Belo Horizonte, ao PT em 2003.



Globo Online

RIO - Reportagem publicada na edição deste sábado da revista "Veja" revela que o publicitário Marcos Valério Fernandes de Souza, apontado pelo deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ) como o operador do mensalão, foi avalista de um empréstimo de R$ 2,4 milhões do BMG, em Belo Horizonte, ao PT em 2003.

Anteriormente, Valério afirmara não ter sido avalista do PT em nenhum empréstimo, nem ter relações próximas com o PT. Mas registros do Banco Central mostram a ligação entre o publicitário e o partido. O empréstimo, feito em 17 de fevereiro de 2003, teve outros dois avalistas, além de Valério: Delúbio Soares, tesoureiro do PT, e José Genoino, presidente nacional do partido.

O próprio Genoino confirmou neste sábado a existência do empréstimo. Confirmou ainda que a dívida do PT com o BMG ainda não foi paga. Portanto, Valério ainda é avalista do partido.

- Quero deixar claro que um empréstimo bancário com avalista faz parte das regras comeciais. Já ordenei à secretaria de finanças que o Delúbio apresente todos documentos, todas as propostas, todos os contratos e as declarações da prestação de contas do PT, que serão divulgados para a imprensa. Ele vai dar todas informações necessárias sobre isso hoje (sábado) ainda - declarou em entrevista à Rádio CBN.

Mas, segundo a revista, Marcos Valério não foi apenas avalista da transação. No dia 14 de julho de 2004, diz a "Veja", Valério pagou através da sua agência SMP&B uma das prestações da dívida, no valor de R$ 349.927,53. O partido deixou de pagar a parcela e a SMP&B, como avalista, teria se apresentado para saldá-la.

Não haveria nada de ilegal na operação, se uma das fontes de renda da SMP&B não fosse o governo federal, comandado pelo PT. Isso levanta a possibilidade de os quase R$ 350 mil terem saído dos cofres públicos. Após uma passagem pela conta da SMP&B, teriam terminado no caixa do PT.

Ao ser questionado sobre isso, Genoino disse saber apenas que Valério é avalista do empréstimo e voltou a dizer que Delúbio Soares esclarecerá o caso numa nota a ser divulgada neste sábado.

De acordo com a reportagem, a agência de Valério já recebeu este ano, por um contrato com os Correios, R$ 15 milhões; tem ainda um contrato de R$ 650 mil com o Ministério dos Esportes. "Veja" mostra também um contrato importante da SMP&B com a Câmara dos Deputados, que teria sido assinado na gestão do deputado petista João Paulo Cunha (SP) e pelo qual a agência já teria recebido R$ 10,7 milhões.

A outra agência de Valério, a DNA, também possui três contratos com o governo, de acordo com "Veja". O maior seria com o Banco do Brasil. Por ele, a DNA teria recebido cerca de 105 milhões em 2004. Haveria também um contrato com a Eletronorte, de R$ 12,5 milhões e outro com o Ministério do Trabalho, pelo qual a agência teria recebido este ano R$ 506 mil.

"Veja" afirma ainda que o empréstimo do BMG ao PT só foi liberado depois que Marcos Valério levou dirigentes do banco para uma reunião com o deputado José Dirceu (PT-SP), na época ainda ministro da Casa Civil. Em seu depoimento à Polícia Federal, Valério afirmou nunca ter tido um encontro pessoal nem oficial com Dirceu.

De início, Genoino negou que Valério fosse avalista do PT em qualquer operação bancária. Neste sábado, explicou à CBN que ao ser procurado pelos repórteres de "Veja" perguntou a Delúbio Soares se o empréstimo existia, e ele lhe disse que não. O próprio Delúbio teria retificado, mais tarde, a informação.

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