- 12 de novembro de 2024
Quando o senador Luiz Estêvão (PMDB-DF) foi cassado, mandou claro recado para o Palácio do Planalto (conduzido de forma irresponsável pelo entreguista FHC, 1995-2003), avisando que se fosse preso "a República iria cair". O sociólogo da boca afolozada entendeu bem o aviso, pois soube abafar todas as tentativas de constituição de CPIs em sua gestão, enquanto promovia o maior festival de corrupção de que se tem notícia.
O ex-senador foi preso no dia 30 de junho de 2000 e solto no dia seguinte, acusado de má gestão do consórcio Planalto e não pelas denúncias de desvio de verba das obras do TRT (Tribunal Regional do Trabalho) de São Paulo, ocorrência que envolveu valores em torno de 167 milhões de dólares. Luiz Estevão ficou menos de 24 horas no xilindró e continua por aí até hoje, solto e feliz, como se nada tivesse acontecido.
A tarefa de derrubar a República parece que ficou para o deputado federal Roberto Jefferson (PTB-RJ), cujas denúncias, apesar de a Rede Globo e suas afiliadas deixarem bem claro que são "sem provas", vêm sendo confirmadas nos mínimos detalhes. Elas vão revelando um PT infestado de picaretas e bandidos em todas as áreas e setores, iguais àqueles que a legenda dizia combater.
Apesar de sem provas, como insiste a Rede Globo, menos de 48 horas depois de Jefferson aconselhar o ministro-chefe da Casa Civil, Zé Dirceu (PT-SP), a sair "rápido" do posto que ocupava, ele saiu. E tudo vem sendo ratificado em velocidade que surpreende. Ficamos espantados com tanta bandalheira. O governo não tem recursos para oferecer melhor salário nem investir em empregos, mas o dinheiro público vaza pelo ladrão impunemente.
Atingido em cheio pelos certeiros petardos de Roberto Jefferson, Dom Luiz Inácio (PT-SP) começou a se preocupar com o tema, pois sabe que não tem mais como fingir que não é com ele. Deixou de reagir com ironia de efeito duvidoso. E sua excelência tem até cancelado viagens no moderno avião, querendo conter onda arrasadora que irá derrubá-lo.
Na quinta-feira (30), em nova entrevista concedida à Folha de S. Paulo, o presidente licenciado do PTB nacional conseguiu horrorizar ainda mais os vilipendiados cidadãos e cidadãs desta República de faz-de-conta, ao divulgar outros fatos ainda mais graves.
Roberto Jefferson afirmou que a empresa estatal Furnas, a mesma que FHC tentou doar no seu desgoverno e não conseguiu, dividia uma sobra de caixa mensal de três milhões de reais, "entre o diretório nacional do PT, o diretório mineiro do partido e alguns parlamentares da base aliada".
Ele citou, inclusive, os nomes de três deputados federais envolvidos: Luiz Piauhylino (PDT-PE), Osmânio Pereira (MG) e Salvador Zimbaldi (SP), os dois últimos filiados ao PTB. E Dom Luiz Inácio, num gesto que surpreendeu pela presteza, mandou afastar imediatamente três diretores de Furnas: Dimas Toledo, Rodrigo Botelho e José Roberto Cesaroni Cury.
As denúncias são tão contundentes que só poderiam ser contornadas com o imediato afastamento dos parlamentares apontados. Caso semelhante ao da Assembléia Legislativa de Rondônia, onde 23 dos 24 deputados foram flagrados em crimes de extorsão e negociatas. Não há como se fazer CPI na Câmara dos Deputados, colocando-se ratos para investigarem ratos. É louvável a CPI mista, com a presença dos senadores.
E a ação de Dom Luiz Inácio, na quarta-feira, quando assinou Medida Provisória que revogava outra MP (somente para criar CPI chapa branca, a do mensalão), acabou por complicar de vez sua excelência. Foi ato de desespero que expôs a falta de coordenação e o grau de culpabilidade deste lamentável governo.
O melhor que o presidente da República poderia fazer, seria renunciar. É evidente não estar apto para a função. Não por ser pior do que aquele que o antecedeu, talvez não seja, mas porque seu partido foi flagrado em falcatruas inomináveis. Acusado de bêbado, apontado como analfabeto e deslumbrado, sua excelência já vai ganhando o epíteto de desonesto e conduzindo o país para o imponderável.
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