- 12 de novembro de 2024
Por Daniella Assunção
No próximo dia 9 de julho o município completará 115 anos de existência, o que deveria ser motivo de orgulho e comemoração, é de vergonha e muita reflexão, afinal Boa Vista se encontra em meio a uma epidemia de dengue, inclusive a hemorrágica.
Dos mais de 200 mil habitantes de Boa Vista, estima-se que menos de 20% tenham plano de saúde, e cerca de 600 famílias sejam atendidas pelo Programa Saúde da Família. Sobram quase 160 mil que enfrentam uma verdadeira luta cada vez que precisam dos serviços de saúde pública.
O problema vira uma bola de neve: sem conseguir consulta nos postos de saúde, as pessoas buscam o atendimento, que na maioria das vezes são de ambulatórios, na emergência do P.S. Francisco Elesbão, e este ao receber tantas pessoas que não foram atendidas nos referidos postos, não conseguem dar conta da demanda.
Filas intermináveis, consultas impessoais e hospitais distantes de casa contribuem efetivamente para a piora das condições de saúde da população. Conseguir uma consulta é uma verdadeira maratona que inclui também um dia de trabalho perdido - então, só vão ao médico quando a situação é grave, e quando finalmente conseguem uma consulta, ela é feita de maneira impessoal e muitas fezes de forma relâmpago, como no caso da menina Bruna, que está com suspeita de dengue hemorrágica. Quem não tem convênio médico nem é atendido por programas de saúde da família, com isso esperam que a doença fique grave para buscar ajuda especializada.
Cerca de 65% dos boavistenses estão nessa situação e recorrem freqüentemente à automedicação, remédios caseiros e até simpatias. Quando a situação se agrava, se rendem aos conselhos do farmacêutico. Não é só nos aspectos social e humano que deixar de dar atendimento médico significa ônus para o governo: na ponta do lápis também. Quando não se gasta o tanto que a prevenção e o tratamento inicial exigem, é inevitável desembolsar muito mais para cuidar da doença grave.
A Prefeitura orgulha-se expor no seu site que já foram visitados 72 mil imóveis em 23 bairros e que esta semana irão para as ruas 100 agente no combate ao Aedes Egypte, então como se explica essa epidemia de dengue que se alastra em Boa Vista? Já o Estado está reformando e ampliando o Hospital Geral. Mas de que adianta tantas reformas ou construções de novos hospitais ou postos de saúde, se o problema está na falta de profissionais, de remédios e materiais.
A situação agora não é de prevenção, e sim de remediar. O que esperamos tanto dos governos Estadual e Municipal é de atendimento básico perto de casa, do fim das filas longas e demoradas e do atendimento ruim. Caso isto continue, a situação vai se agravar ainda mais, uma vez que o paciente vai demorar para buscar ajuda.
MPE
Procurado pelo Fontebrasil, sobre quais as providências que serão tomadas pelo Ministério Público para cobrar providências sobre o problema da saúde pública e se há alguma fiscalização na aplicação das verbas do Sistema Único de Saúde -SUS, de responsabilidade do município, a assessoria de imprensa do órgão não retornou pedido de informação enviado pela reportagem.