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Retorno de Jedi - Discurso de Dirceu termina em confusão e agressões na Câmara

O primeiro discurso do ex-ministro da Casa Civil e deputado José Dirceu terminou em briga, acusações e xingamentos. Acostumado a falar sem interrupções no Palácio do Planalto, Dirceu chegou à Câmara em meio a críticas e denúncias de pagamento de mesadas a deputados do PP e PL e viu-se diante de uma oposição revoltada com sua atuação no governo, pronta para recebê-lo com críticas.


O primeiro discurso do ex-ministro da Casa Civil e deputado José Dirceu (PT-SP) terminou em briga, acusações e xingamentos. Acostumado a falar sem interrupções no Palácio do Planalto, Dirceu chegou à Câmara em meio a críticas e denúncias de pagamento de mesadas a deputados do PP e PL e viu-se diante de uma oposição revoltada com sua atuação no governo, pronta para recebê-lo com críticas.

Dirceu iniciou sua fala com uma lista de dados da economia do governo Luiz Inácio Lula da Silva. Apesar das críticas à gestão do ministro da Fazenda, Antonio Palocci, o deputado elogiou a condução da política econômica, o orçamento restrito para o pagamento de juros da dívida pública e as medidas fiscais anunciadas pelo governo na tentativa de estimular o crescimento do país. Foi aplaudido por 12 vezes.

Mas enquanto listava números do governo, foi interrompido pelo deputado Jair Bolsonaro (PP-RJ). Aos gritos, o deputado chamou Dirceu de "seqüestrador" e "terrorista", em referência às ações do ex-ministro na época do regime militar, e acusou o ex-ministro de ter comprado votos. Militantes do PT que encheram as galerias do plenário vaiaram Bolsonaro, que respondeu com gestos, insinuando que Dirceu roubava. O presidente da Câmara, Severino Cavalcanti (PP-PE), pediu silêncio para que Dirceu, que não reagiu às críticas, continuasse o discurso.

Bem-vindo

Em seguida, o líder do PSDB na Casa, Alberto Goldman (SP), pediu a palavra e fez críticas duras a Dirceu. O deputado tucano disse que o discurso do ex-ministro se assemelhava às palavras de alguém que gostaria de ser o presidente da República, não o ministro da Casa Civil. E concluiu com uma ironia, uma crítica à atuação de Dirceu no ministério, classificada pelo governo como autoritária. "Bem-vindo, bem-vindo ex-ministro, bem-vindo deputado porque aqui vossa excelência vai tratar conosco no mesmo nível. Todos nós aqui somos iguais."

Ao contrário de seu temperamento no governo, caracterizado pelas respostas diretas e ríspidas a críticos, Dirceu agradeceu Goldman e respondeu como deputado. "Tenho a humildade para reconhecer os meus erros. Tenho humildade para reconhecer que volto à Câmara dos Deputados como um deputado da minha bancada e do plenário. Não pretendo ser mais do que isso", declarou.

A partir desse momento, outros deputados, insatisfeitos com a postura de Dirceu no governo, não permitiram que o ex-ministro continuasse seu discurso. Dirceu teve de pedir para que continuasse. "Deixa eu falar", dizia ao microfone. A deputada Luciana Genro (PSOL-RS), expulsa do PT com Dirceu na Casa Civil pedia que "a oposição de esquerda" pudesse se pronuncia, numa insinuação de que o ex-ministro estaria com uma postura de direita.

Foi então que Bolsonaro levantou um saco de lixo com a estrela do PT e a palavra "mensalão", em referência ao suposto pagamento de mesada a deputados do PP e PL. Começou então a confusão, as agressões. O deputado Carlito Merss (PT-SC) e João Fontes (PDT-SE) se empurraram e o petista diz ter recebido um soco do colega. Na confusão, a deputada Vanessa Grazziotin (PC do B-AM) saiu machucada.

Os militantes do PT começaram a jogar objetos e xingar os deputados da oposição. O presidente da Casa ordenou que a segurança retirasse os manifestantes. Nisso, os seguranças bateram e levaram preso um dos petistas. Terminada a confusão, Carlito Merss e João Fontes ameaçam entrar com uma representação por quebra de decoro um contra o outro. Dirceu não conseguiu quase não consegue concluir seu discurso e seguiu para a liderança do PT, onde as portas foram fechadas.

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