- 12 de novembro de 2024
Uma das charges mais engraçadas dos últimos dias (é bom verificar as charges de todos os jornais do país - www.chargeonline.com.br ), apareceu no jornal "O Globo" (terça-feira, 21), assinada por Chico Caruso. Com o título de "Duelo Final", mostra o deputado federal Roberto Jefferson e o ex-ministro Zé Dirceu (PT-SP), vestidos a caráter como pistoleiros, num duelo no velho oeste.
Zé Dirceu aparece com um buraco enorme no corpo, como se tivesse recebido tiro de arma devastadora que levou quase todo o recheio do tronco. Os dois estão em posição de combate, quando Roberto Jefferson grita para ele:
"- Ô Zé Dirceu, acho que você morreu!" E morto ele está.
Mas o pior de tudo é agüentar os discursos de Zé Dirceu. Absolutamente sem essência. Não se tem mais como suportá-lo falando da alma. Quando anunciou a saída do cargo, o então ministro da Casa Civil afirmou que saía e deixava "parte da alma", mas que ia também levar a alma, porque não vive sem ela.
De maneira que ficamos todos preocupados, pois ali perto poderia estar o deputado bispo Rodrigues (PL-RJ), atualmente (sem que se saiba por quê) em baixa na Igreja Universal, também acusado de ser o principal mentor do mensalão, e ninguém melhor do que um bispo para se apoderar da alma de uma ovelha. Principalmente, se desgarrada.
O governo faz-de-conta que não está acontecendo nada e fica agindo como se estivesse esperando provas de acusações gravíssimas a respeito de falcatruas realizadas dentro dos mais altos escalões do governo.
Lula foi alvejado gravemente, mas a ficha está demorando a cair. Continua insistindo em encontrar bode expiatório para acusações imputadas. Colocar a culpa sozinha e inteira no Congresso Nacional, não vai funcionar. Zé Dirceu se revela culpado todos os dias. Basta abrir a boca. O ex-ministro, no dia do anúncio de sua saída da Casa Civil, declarou-se triste, já que seu maior sonho "foi eleger o presidente Lula e governar o país".
Disse ainda que iria "continuar governando o Brasil", lá da Câmara, como deputado federal. Incrível, verificar a falta de habilidade de Zé Dirceu, ao exibir discurso autoritário como se estivéssemos vivendo puro regime soviético da guerra fria. Essa história de querer mobilizar a militância petista para apoiar o governo e "evitar golpe", não está colando junto à opinião pública.
As pessoas querem respostas convincentes a acusações de corrupção mais do que críveis.
O ex-ministro Zé Dirceu entende que não deve satisfação nenhuma. Acha que responder a Roberto Jefferson é "descer de nível", imaginando que a população inteira é composta simplesmente por imbecis. Não percebeu, ainda, que a gestão petista está na lona. Que o próprio Dom Luiz Inácio (PT-SP) vai sendo arrastado pelo mensalão. O presidente prevaricou, ao não tomar providências na época em que foi alertado.
Com essa corja que se encontra abrigada no Congresso Nacional, não há porque se falar em democracia representativa. Calcula-se entre 20, segundo o deputado Inocêncio Oliveira (PMDB-PE) e 70 (segundo Zé Dirceu deixou escapar a correligionários), o número de deputados federais inscritos no mensalão. Isso é mais do que motivo para algum aventureiro investir contra o Congresso Nacional e pretender fechá-lo.
E o ex-ministro da Casa Civil ainda fica falando em alma pra lá e pra cá, como se fosse um anjo de candura. Quando apenas seus inimigos se sentem de alma lavada.
O genial Millôr Fernandes, quando Adolfo Bloch morreu (o maior acionista da Rede Manchete), disse que havia lido em determinada publicação que Bloch "deixava enorme lacuna" com sua partida. Millôr, que trabalhara com ele vários anos, rebateu:
"- Pelo que eu conhecia do Adolfo, ele não deixou nada, levou tudo".
Será que baseado em tudo que temos visto, lido e ouvido nos últimos dias, alguém acredita que Zé Dirceu deixou sua alma em algum lugar?
Email: [email protected]