- 12 de novembro de 2024
O quadro político brasileiro é grave, porque o país não tem governo. Porque recai sobre o presidente da República a suspeita de prevaricação e de fechar os olhos a esquemas de corrupção que vão se revelando (saber se está envolvido diretamente será tarefa das CPIs que se instalam). Há uma luta clara e aberta entre os vários Estados a que nos vemos submissos, cada qual exibindo poderoso arsenal.
Na arena política, temos o chamado crime organizado, reunindo o tráfico de drogas e a estrutura que o domina (abrangendo amplos setores das classes médias), crises nas polícias civil e militar, grupos de extermínio e crises de caráter administrativo institucional. Some-se a isso a enorme exclusão social, causada por modelo econômico inteiramente falido, e teremos fornalha alimentada por material volátil e explosivo.
As eleições se tornaram espetáculos de marketing político eleitoral. Os candidatos são produtos de programas de televisão: emitem suas opiniões em fitas gravadas e editadas, representando mais os ardis engenhosos de equipes televisivas do que suas próprias idéias. Por isso mentem sem qualquer compromisso ou conexão com a realidade.
Na última campanha presidencial, o candidato petista prometeu reverter modelo econômico que favorece apenas os banqueiros, acenando com a criação de dez milhões de empregos para aliviar pressão social sentida nas ruas. Isso não aconteceu e nada é cobrado. Depois de tomar posse, sua excelência se encerrou numa redoma da qual só emerge para conceder entrevistas sem direito a perguntas consideradas embaraçosas. Tudo é controlado.
Pesquisas realizadas por órgãos do ramo, ainda colocam a falta de administração petista em boa situação. É impressionante como as pessoas demoram a enxergar o óbvio. O Datafolha em levantamento efetuado nas últimas quarta e quinta-feira, constatou que 36% da população "avaliam o governo Lula como ótimo ou bom".
Os que avaliam o governo como "ruim ou péssimo passaram de 18% para 19% entre as duas pesquisas", mas esse número é insignificante, diante das recentes denúncias de corrupção. É inexplicável, encontrar-se percentual considerado alto (36%), acreditando que a gestão Dom Luiz Inácio deva ser classificada como "ótima ou boa". Tal enfoque deve ser creditado aos meios de comunicação que escamoteiam a realidade.
Quando foi depor na Comissão de Ética, o deputado federal Roberto Jefferson (RJ), presidente nacional do PTB, mandou recado diretíssimo ao ministro-chefe da Casa Civil:
"- Zé, sai daí rápido, Zé, sai correndo, se não tu vais derrubar um inocente, o presidente da República". E ele atendeu de imediato, pois sabe o que vem pela frente.
Apesar de ter colocado como relator da CPI dos Correios uma figura a lhe obedecer cegamente (deputado federal Osmar Serraglio, PMDB-PR), Zé Dirceu sabe que nem Dom Luiz Inácio irá escapar das provas que vão surgindo.
A ex-mulher do presidente do PL, Valdemar Costa Neto (SP), já se ofereceu e foi aceita como testemunha de Roberto Jefferson na CPI que deverá iniciar coleta de depoimentos na próxima terça-feira (21). Trata-se da socialite Maria Christina Mendes Caldeira que processa Waldemar em instâncias judiciais.
Outro depoimento inevitável, por mais que se tente, será o do ex-braço direito de Zé Dirceu, Waldomiro Diniz. Flagrado num vídeo, quando pedia propina ao bicheiro Carlinhos Cachoeira, Waldomiro foi poupado de todas as maneiras, já que em determinado momento chegou mesmo a avisar que iria abrir o bico, caso fosse preso como se supunha.
Haja o que houver, a população quer respostas convincentes dos principais acusados. Roberto Jefferson prestou depoimento arrasador, inclusive confessando culpa, fato que lhe deu maior credibilidade. E o que se deseja é a saída de ministros comprovadamente corruptos que freqüentam a intimidade presidencial de Dom Luiz Inácio.
Na coluna da última sexta-feira (17), Tribuna da Imprensa (RJ), o jornalista Hélio Fernandes escreveu que quatro dos cinco deputados federais eleitos pelo Prona, na votação recorde que levou doutor Enéas (SP) à Câmara, receberam um milhão de reais de luvas, cada um e o mensalão de 30 mil reais pela mudança de sigla.
Doutor Enéas está doido para depor e contar a história. Triste governo, o de Dom Luiz Inácio, que precisou comprar tantos parlamentares corruptos para aprovar projetos de uma administração onde os ricos ficam bilionaríssimos e, os pobres, extremamente miseráveis. No desgoverno petista, contam-se nos dedos os que ainda se salvam.
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