- 12 de novembro de 2024
Conforme ficou constatado pelas investigações da PF, a participação do empresário Ricardo Mattos no esquema era a seguinte: ele atuava como lobista junto a parlamentares em Brasília e a instituições federais para a consecução de verbas destinadas para os municípios roraimenses. Uma vez carreados os recursos, ele atuava com suas empresas, que era beneficiada nas licitações.
"Nesse negócio, de um total de R$ 16 milhões carreados para essas prefeituras, no período de dois anos, foram desviados em torno de 60%, ou seja, nada menos de R$ 10 milhões. Se tomarmos por base a cotação do dólar daquele período, que estava um por um com o real, podemos falar num desvio de R$ 10 milhões de dólares", comentou o superintendente Mallman. Conforme a PF, os recursos repassados pelos programas do Governo Federal através de órgão como a Suframa, Funasa e Ministério do Meio Ambiente eram desviados de suas funções ou empregados de forma irregular.
"Nesses repasses já pode ter ocorrido vícios, como indica a arrecadação no escritório de Ricardo Mattos de 11 espelhos de projeto para habitação, assinados em branco pelo diretor-presidente da Codesaima (Companhia de Desenvolvimento de Roraima), prontos para serem preenchidos por qualquer interessado. O mais espantoso: um ofício destinado ao delegado da Polícia Federal em resposta a uma solicitação de documentos para a Suframa foi passado por fax para a empresa de Ricardo Mattos", diz o relatório da PF.
E o relato da Polícia Federal continua: "para gerenciar os interesses das prefeituras, Ricardo Mattos possuía procurações assinadas pelos prefeitos, papéis em branco com os timbres das prefeituras, elaborava os projetos, os avisos de licitação, o edital, a própria licitação, sempre tendo como vencedora a empresa do Grupo Consult, de sua propriedade".
Muitas das obras ganhas pela empresa de Ricardo Matos não foram executadas. Outras ficaram inconclusas. "O produto dos crimes em série resultou na sonegação fiscal, forte esquema de lavagem de dinheiro. O montante e o destino das verbas desviadas ainda estão em apuração, salientando que parte da sonegação fiscal já está apurada, faltando as demais empresas e pessoas físicas", diz o relatório. Até o fechamento dessa matéria a reportagem não havia localizado os acusados para ouvir a sua.