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O confortável desconforto - Por Manoel Lima

Agora a grande imprensa já sabe como Romero Jucá chegou a esse estágio político. E não chegou de graça, fazendo as coisas tão claras. As fez pensando que a impunidade continuaria privilegiando traquinagens.


Brasília - O senador Romero Jucá, hoje Ministro da Previdência, deve pensar que todos nós, assistentes inglórios de sua insólita carreira política, cheia de denúncias as mais diversas sobre a sua passagem pelos cargos públicos que exerceu, somos gente de terceira c categoria que não sabemos medir o que seja a petulância e a arrogância dos homens públicos. Acusado de irregularidades até a medula, Romero Jucá insiste em dizer que está tranqüilo diante desse mar de acusações de corrupção que assola o governo Lula, e que continua trabalhando normalmente como se nada o atormentasse.

A afirmação que fez à Agência Estado de que "estou confortável, trabalhando e aguardando as investigações do Supremo..." é de uma desfaçatez que enoja, que agride as nossas consciências, de contribuintes responsáveis, que paga seus impostos que mais tarde teriam sido usados irregularmente por esse cidadão, tão acusado da prática de males ao erário público como um autêntico cara-de-pau, que vê o inferno à sua porta, e ainda posa de anjo de candura.

É lamentável que o senhor Jucá não se tenha dado conta de que sua vida política está por um fio, que só não foi ainda demitido do governo porque Lula demora em agir em defesa de sua própria integridade pública, de presidente da República. Se fosse Lula ágil em suas decisões, Jucá já ateria no olho da rua há mais tempo.

Sua permanência no Ministério da Previdência vai ainda perdurar, não sabemos até quando, mas que ele deixa a Esplanada dos Ministérios isso deixa sim. Pode demorar, ou ocorrerá quando a questão do "mensalão" ou da CPI dos Correios for definitivamente resolvida pelo Congresso Nacional. É sabido que o senador Renan Calheiros, seu padrinho político no ministério, já deu o aval para o governo o demita sem que com isso o PMDB perca o direito de indicar o seu substituto.

O político Romero Jucá tem ao longo de sua vida pública brincado com o errado, com o irregular. Até aqui, é bem verdade. Só que agora, a grande imprensa já sabe como Jucá chegou a esse estágio político. E não chegou de graça, fazendo as coisas claras. As fez pensando que a impunidade continuaria privilegiando traquinagens.

O Fontebrasil detém algo de escabroso contra Romero Jucá, que como disse Roberto Jéferson, é uma bomba que deve cair no colo do senador-ministro. São provas incontestes de como Jucá age para regularizar o irregular. Aguarda-se para fins de julho que o Supremo Tribunal Federal acate a denúncia do Procurador Geral da República contra Romero Jucá, para que a justiça aja com serenidade e possa por fim a uma carreira pública que tem tratado a nós brasileiros como autênticos imbecis, que não somos.

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