- 12 de novembro de 2024
Helayne Boaventura
Da equipe do Correio
Depois de três semanas e meia de crise política, a CPI para investigar denúncias de corrupção nos Correios deverá ser instalada hoje às 16 horas. Os líderes dos partidos aliados indicaram ontem os integrantes da comissão depois de um ultimato dado pelo presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), e da decisão do Palácio do Planalto de apoiar a investigação restrita ao escândalo na estatal.
Renan chegou a indicar integrantes do PT, PTB e PL, partidos que não enviaram seus representantes até as 18hs, prazo máximo fixado pelo presidente do Senado. Depois do horário, porém, PT e PL confirmaram seus nomes. O presidente do Senado manteve a indicação do líder do PTB na Câmara, José Múcio Monteiro (PE), na vaga reservada ao partido, já que a legenda não indicou nomes.
A decisão de Renan foi resultado de uma promessa feita à oposição, já que os líderes aliados aguardavam a votação de um recurso contra a CPI enviado à Comissão de Constituição e Justiça (CCJ). Na segunda-feira, porém, o governo decidiu apoiar na CCJ o relatório do deputado Inaldo Leitão (PL-PB) sobre o recurso, que considera constitucional a CPI, desde que restrita à investigação dos Correios. Com isso, o presidente do Senado ficou à vontade para fazer as indicações.
Depois de arrastar-se por seis horas durante o dia, a CCJ reuniu-se ontem à noite para votar o relatório de Leitão. A demora ocorreu devido à obstrução patrocinada pelo PFL, que ficou isolado na oposição radical contra o governo. O PSDB aceitou votar o parecer de Leitão, como queria o governo, o que provocou um racha na oposição.
Deputados do PFL acusaram o PSDB de fechar acordo com o governo para votar o parecer com o objetivo de evitar a investigação da denúncia de pagamento de "mesada" a parlamentares. "Eu começo a entender este grande acordão. É para escamotear o mensalão", acusou o deputado Onyx Lorenzoni (PFL-RS). Os pefelistas também argumentaram que a aprovação do relatório dará ao governo a chance de evitar a convocação de pessoas e a realização de diligências sobre fatos que não estejam ligados ao escândalo dos Correios.
"O parecer vai dar argumentos para que a base do governo restrinja a investigação. A CPI pode acabar em pizza", acusou o líder do PFL na Câmara, Rodrigo Maia (RJ). A acusação irritou os tucanos e integrantes dos demais partidos que apoiaram o parecer de Leitão. "Só acabará em pizza se os pizzaiolos forem eles. Se formos nós isso não ocorrerá", contra-atacou o líder do PSDB, Alberto Goldman (SP). Para o tucano, o relatório não tem qualquer efeito sobre o funcionamento da CPI.