- 12 de novembro de 2024
Agora se sabe por que o ministro-chefe da Casa Civil, Zé Dirceu (PT-SP), juntamente com o ministro da Coordenação Política, Aldo Rebelo (PC do B-SP), estavam desesperados há questão de semanas, querendo falar com o presidente nacional do PTB, Roberto Jefferson (RJ). A revista Veja divulgou que somente depois de três ou quatro tentativas eles conseguiram subir ao apartamento do petebista e dizer a que vieram.
O problema é que Jefferson já havia decidido denunciar o suposto pagamento de propina efetuado a cada um dos deputados e senadores (para que aprovassem projetos do governo), pois não pretendia cair sozinho. Ele bem disse a Zé Dirceu:
"-Eu vou cair, mas levo você comigo, o Silvinho e o Delúbio".
Delúbio é o tesoureiro nacional do PT. Silvinho (Sílvio Pereira) é secretário-geral da legenda. As razões do desespero do ministro foram estampadas na Folha de S. Paulo da segunda-feira (06).
Zé Dirceu mostrou-se desolado durante o encontro, pois sabe que ele e sua legenda não têm nada de puro. O PT é tão cheio de calhordas quanto a maioria dos outros partidos que diz combater. Como no Brasil não existe punição para bandidos graduados, a injustiça é generalizada. E as crises se tornam insustentáveis e perigosas.
Quando a gestão FHC (1995-2003) "privatizou" o Brasil, entregando o Sistema Telebrás, as concessionárias de energia, a CVRD (Companhia Vale do Rio Doce), entre outras jóias de nossas estatais, a votação dos projetos deve ter acontecido assim: com a maioria parlamentar entreguista recebendo 30 dinheiros. Da mesma forma que Judas ao trair Cristo!
Por alguns vinténs, entregaram empresas cujo patrimônio foi construído ao longo de muitas décadas de dedicação e sacrifício. A própria Petrobras foi fatiada, minada, descaracterizada. Tornou-se uma multinacional com o coração centrado em outras terras. Na Bolívia, onde presidentes tão criminosos quanto FHC desmontaram o Estado nacional, a Petrobras é vista como um cavalo de tróia a sugar os recursos daquela nação.
E saqueia a Bolívia para levar o produto desse roubo para países que ditam normas e regras através do FMI, no controle da economia mundial. Na segunda-feira à noite, debaixo de muita pressão e ameaça, o presidente Carlos Mesa (Bolívia) renunciou.
O PT, que havia prometido instalar "tantas CPIS quantas necessárias", visando à apuração de crimes cometidos na gestão lesa-pátria de FHC, apenas deu seqüência aos desmandos, favorecendo banqueiros e agiotas internacionais que nos massacram. Colocou Henrique Meirelles na presidência do Banco Central, títere dos EUA, pessoa envolvida em transgressões comprovadas.
O presidente do BC foi flagrado pela CPI do Banestado no centro de inúmeras falcatruas. Entre elas, sonegação fiscal e evasão de divisas. Depois da constatação, quando se esperava que Dom Luiz Inácio o demitisse sumariamente, que aconteceu? O presidente da República, através de Medida Provisória, colocou seu cargo no mesmo plano ministerial, impedindo, dessa forma, fosse acionado na Justiça Comum.
Concedeu-lhe foro especial, através de lei vergonhosa aprovada no apagar das luzes da gestão FHC, cujo autor é o deputado federal Bonifácio Andrada (PSDB-MG). Somente o STF - Supremo Tribunal Federal -, pode julgar autoridades e ex-ocupantes de cargos de direção no Brasil.
Como é que se pode exigir respeito da população e seriedade, quando se sabe que os responsáveis pela aprovação de tal lei ganham ou ganhavam mesada mensal de 30 mil reais? Como é que se pode combater o crime organizado, se os maiores bandidos se encontram encastelados nos mais altos cargos públicos, devastando o país impunemente?
Na terça-feira (07), o PSDB procurava abafar a crise, evitando que as investigações se aprofundem. Enorme jogo de faz-de-conta. O ex-presidente FHC mandou seus liderados proporem a Dom Luiz Inácio, até mesmo, um governo de coalizão. Essa história de pagar aos congressistas vem desde a não apurada compra de votos para aprovar a emenda da reeleição.
Agora, Zé Dirceu e Aldo Rebelo estão muito preocupados com a possibilidade de Roberto Jefferson ter gravado a conversa desesperada que tiveram no apartamento deste último em Brasília. O problema não é só a corrupção, mas a programada destruição do próprio Estado brasileiro.
Os governos se sucedem, a deterioração moral continua e a democracia representativa não mais existe. As mudanças verdadeiras só irão acontecer, quando a população inteira estiver fazendo suas exigências nas ruas.
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