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MESMOS NOMES E VELHAS PRÁTICAS - Márcio Accioly

O governo do presidente Dom Luiz Inácio (PT-SP) desabou de vez. Não bastasse a tentativa desesperada de comprar parlamentares, através da liberação de emendas, com o fito de abafar a instalação da CPI dos Correios, eis que surge fato gravíssimo, bomba de milhões de megatons, na entrevista concedida à Folha de S. Paulo de segunda-feira (06) pelo presidente nacional do PTB, deputado federal Roberto Jefferson (RJ). O


O governo do presidente Dom Luiz Inácio (PT-SP) desabou de vez. Não bastasse a tentativa desesperada de comprar parlamentares, através da liberação de emendas, com o fito de abafar a instalação da CPI dos Correios, eis que surge fato gravíssimo, bomba de milhões de megatons, na entrevista concedida à Folha de S. Paulo de segunda-feira (06) pelo presidente nacional do PTB, deputado federal Roberto Jefferson (RJ).

O parlamentar declarou que o PT, através de seu tesoureiro, Delúbio Soares, pagava mesada de 30 mil reais a deputados e senadores aliados (PP e PL) para aprovar projetos de interesse do governo. Depois dessa, não resta mais qualquer saída para a cambada petista. A operação abafa CPI, iniciada no caso dos Bingos e seqüenciada no dos Correios, não tem mais razão de ser. O governo está desmoralizado, inteiramente na lona.

A tal mesada começou a ser paga no início de 2003, depois da posse presidencial. E Jefferson justifica os atuais problemas no Congresso Nacional, onde graves dificuldades têm sido criadas pelos parlamentares nas votações (por conta da suspensão do pagamento mensal), depois que ele comunicou o fato a Dom Luiz Inácio. O deputado disse ainda que o presidente chorou ao tomar conhecimento.

Como esse povo chora à-toa (ao saber que suas falcatruas deixaram de ser segredo), é bom lembrar que o próprio presidente do PTB chorou algumas vezes, no tempo em que esteve envolvido na CPI dos anões do Orçamento e na CPI que derrubou Collor de Mello (1990-92), cuja tropa de choque liderou. Jefferson declarou que Dom Luiz Inácio, tão logo tomou conhecimento da mesada, mandou suspendê-la. Mas surgiu um complicador.

O governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB), ao tomar conhecimento das notícias, declarou no seu estado que havia alertado o presidente da República, "um ano e meio antes", a respeito da existência desse esquema. E que o presidente retrucou como se fosse fato normal, pois "tratava-se de prática introduzida pelo ex-ministro Sérgio Motta" (Comunicações), durante a corrupta gestão FHC (1995-2003).

O governador goiano disse ainda que, na época, ficou preocupado por causa do assédio petista a dois deputados que compunham sua base de apoio no estado e que pertenciam a outros partidos que não PL e PP. Mas os parlamentares, segundo ele, não cederam e não mudaram de legenda.

Ao ver no jornal denúncia tão grave, qual a atitude do presidente nacional do PT, José Genoíno (SP), conhecido como delator da Guerrilha do Araguaia, a "mariposa" do salão verde da Câmara? Emitiu nota dizendo ter sido "com surpresa e indignação que o Partido dos Trabalhadores tomou conhecimento das declarações do deputado Roberto Jefferson", como se jamais tivesse ouvido falar no assunto.

Como tudo que Genoíno diz soa falso (não tem nada de genuíno), a nota partidária só fez agravar o delicado cenário. Até porque o governador Marconi Perillo confirmou já ter abordado o assunto com o mais alto mandatário do país. De maneira que o presidente do PT só fez levantar mais suspeita. Deixando a todos com uma pulga atrás da orelha. A gestão petista pelo que se observa é a continuação da ladroeira da fase tucana de poder.

O que ficou bem claro em tudo isso é a necessidade imperiosa de se instalar a CPI. Não há como colocar panos quentes num tema de tal densidade, quando o principal aliado aponta crimes inomináveis dentro do círculo do poder.

É preciso que se revelem os nomes dos parlamentares envolvidos, o volume de recursos empregados no suborno de deputados e senadores venais, abrindo-se, ainda, CPI que explique como se efetuou a apressada "privatização" da era FHC. Os países vizinhos do Brasil estão com suas populações nas ruas. Cobrando medidas de reparação efetuadas por corruptos governantes que entregaram indiscriminadamente suas riquezas.

Não se tem como continuar nesse jogo de um ou outro, quando vemos que as pesquisas eleitorais mais recentes apontam a possibilidade de segundo turno com um candidato do PSDB, o mesmo partido que arrasou o Brasil nos oito anos que antecederam à corrupção do PT. Porque se insistirmos nesse cenário, o caos irá se instalar. Depois que essa desordem começar a ser cobrada nas ruas, será um deus nos acuda.

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