- 12 de novembro de 2024
O presidente do Congresso, senador Renan Calheiros (PMDB-AL), principal padrinho da indicação do ministro da Previdência Social, Romero Jucá, jogou a toalha. Em conversa reservada com um amigo que o conhece desde os tempos em que era líder do governo do ex-presidente Fernando Collor de Mello, Calheiros confidenciou que a situação de Jucá é, do ponto de vista político, insustentável.
O presidente do Congresso encontra-se hoje com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, com quem fará uma avaliação da situação do ministro da Previdência Social e ainda dividirá as impressões sobre a crise política que abala o País. Sobre uma eventual demissão de Jucá, Calheiros disse, em entrevista, que não discutirá reforma ministerial com Lula.
"O PMDB não vai sugerir, recomendar e nem propor reforma ministerial. Nossa preocupação é com a governabilidade e não com a governança", afirmou, sem explicar a diferença entre uma coisa e outra.
O presidente do Congresso, na verdade, tinha aceitado a tese, defendida por setores do PT, de efetuar-se uma ampla reforma para conceder à administração federal o verniz ético perdido. No bojo dessas mudanças, estaria a saída do ministro da Previdência com o aval do maior padrinho.
Em outra conversa com um ministro, Calheiros concordou com a idéia de saída de Jucá, mas ressalvou que a iniciativa não seria dele. "Se quiserem tirar o Jucá, tirem, mas eu não vou propor." Na noite de terça-feira, num restaurante de Brasília, o ministro tratou de reafirmar que conta com o apoio do presidente do Senado. "Pode checar com o Renan. Não existe nada disso e eu vou continuar", afirmou.
A poucos metros de Jucá, no mesmo restaurante, o amigo de Calheiros contava que a saída dele somente não se concretizou porque implicaria na necessidade de o ministro das Comunicações, Eunício Oliveira, também pôr o cargo à disposição.
Oliveira somente aceitaria discutir essa solução, caso todos os ministros, independente de partido, abrissem mão dos postos. Na avaliação intramuros, ele não considerava politicamente inteligente a saída apenas dos ministros do PMDB.
No Poder Executivo, a combinação das duas palavras "reforma" e "ministério" causam irritação a Lula. Ele não só não fará a mudança ministerial, como considera o método inócuo e mais gerador de dificuldades do que de solução. O fato é que o ministro continua como o pivô do desconforto de Lula. Embora, tecnicamente, tenha sido bem avaliado, no horizonte da política a permanência de Jucá, apesar das sucessivas denúncias mal-explicadas.
Para o Executivo, Calheiros, que foi diligente no apadrinhamento do ministro para a Previdência Social, não foi tão ativo no momento em que a chuva de denúncias desabou contra o afilhado. O presidente do Senado, no entanto, procurou desconhecer as críticas e assegurou que do Palácio do Planalto só ouve elogios. "Pelo que eu soube, o presidente só tem me elogiado", celebrou.