- 12 de novembro de 2024
Por Márcio Accioly
Manaus - De todas as graves denúncias veiculadas pela revista Veja desta semana (edição 1.907, n° 22), a mais preocupante de todas está impressa na página 55. Sob o título "Baixinho de 1,85m", matéria assinada por Chrystiane Silva relata medidas tomadas pelo engenheiro baiano Eugênio Roberto Maia, superintendente da Agência Nacional de Petróleo - ANP.
Preposto do deputado federal Roberto Jefferson (RJ), presidente nacional do PTB, Maia estaria encarregado de conseguir mesada mensal de 400 mil reais que seriam entregues ao PTB. Algumas de suas ações na Superintendência da ANP seriam capazes de levar qualquer marginal que atuasse fora da área do Estado a ser considerado persona non grata e indivíduo de alta periculosidade.
No ano passado, diz a matéria, "como superintendente de abastecimento da Agência, Maia autorizou várias empresas acusadas de sonegação e de adulterar combustíveis a elevar suas importações de solventes". Foi o mesmo que oferecer manteiga a gato! Derivados do petróleo, "os solventes são usados na fabricação de tintas, mas têm sido mesmo empregados no submundo para falsificar gasolina".
E ainda há quem diga que o crime organizado é o que se observa nas ações de marginais e bandidos do tráfico, quando, na realidade, ele se encontra perfeitamente enraizado dentro do Estado brasileiro.
Num país onde as multinacionais vendem pílulas anticoncepcionais fajutas, fabricadas à base de farinha, e onde alguns figurões, tais como governadores, deputados e senadores são pegos com a mão na massa, cometendo os mais aberrantes crimes, sem nenhuma punição, não seria mais de admirar que barbaridade dessa natureza acontecesse dentro da ANP.
A reportagem diz tudo, colocando dados, números e elementos necessários a levantamento apurado que condene implicados.Diz, inclusive, que o responsável pela ANP, ex-deputado federal Haroldo Lima (PC do B-BA), "depois de ouvir denúncias cabeludas" a respeito da atuação de Eugênio Roberto Maia, chegou a redigir sua exoneração. Mas levou "um puxão de orelha da Casa Civil" (Zé Dirceu).
Juntando-se as pedras, não fica difícil inferir razões pelas quais o governo petista não deseja a instalação de CPIs. Está tudo apodrecido. O ministro Zé Dirceu, pelo que se percebe, dá suporte a quadrilhas perigosíssimas e isso não se faz à-toa, assim sem mais nem menos.
Dom Luiz Inácio deixa nas mãos do ministro-chefe da Casa Civil todos os fatos relacionados à administração federal, até porque o mais alto mandatário não pára no país e não tem tempo para nada, além de se aventurar por viagens internacionais intermináveis. O problema agora não se resume apenas à retirada de Zé Dirceu, aparente causador de toda essa celeuma que deságua em corrupção monumental.
A questão atual diz respeito à necessidade de remoção do próprio Dom Luiz Inácio. O presidente da República, sem Zé Dirceu, não funciona! E não existe ninguém que seja de sua inteira confiança, capaz de atuar com semelhante desenvoltura. O ministro-chefe da Casa Civil é a grande caixa de segredos dessa gestão, verdadeiro arquivo vivo.
O primeiro grande escândalo no governo Dom Luiz Inácio foi o caso Waldomiro Diniz, pessoa da extrema confiança de Zé Dirceu. Tão intimo que dividia apartamento com sua excelência em Brasília. Tão reconhecidamente envolvido que era chamado de "ministro", por deputados federais e senadores no Congresso Nacional.
Como todos recordam, as investigações foram prejudicadas pelos altos escalões da República, inclusive com a remoção de delegados responsáveis. Mas não se tem como colocar uma pedra em cima de tudo isso, pois novos escândalos pipocam diariamente. A situação não está apenas preocupante, mas de meter medo a quem procura se inteirar dos assuntos e acontecimentos.
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