- 12 de novembro de 2024
Até o líder do governo no Congresso, Fernando Bezerra, foi infiel e manteve assinatura Lilian Tahan e Sandro Lima Da equipe do Correio O rescaldo da disputa travada entre governo e oposição em torno da instalação da CPI que vai apurar as denúncias de corrupção nos Correios expôs uma vitrine de infiéis. Tanto na base aliada, quanto nos partidos oposicionistas houve quem não resistisse às pressões e mudasse de lado na última hora, pegando de surpresa os próprios correligionários. PSDB e PFL, partidos de oposição ferrenha ao governo contabilizaram dois dissidentes. No governo, as deserções foram mais numerosas. Só no PT e PMDB, as duas principais legendas da base, foram 55 assinaturas de apoio à CPI. |
Os motivos de cada um
DEPUTADOS Ariosto Holanda (PSDB-CE) Infiel ao partido, retirou a assinatura para a instalação da CPI, atendendo a pressões do ministro da Ciência e Tecnologia, Eduardo Campos, e do governador cearense, Lúcio Alcântara, que recebeu um pedido do presidente Lula Davi Alcolumbre (PFL-AP) Ignorou a orientação oposicionista do partido e retirou a assinatura da lista, cedendo ao pedido do senador José Sarney (PMDB). No Amapá, os peemedebistas são aliados do PFL, o que garantiu sua eleição ao Senado Armando Monteiro Neto (PTB-PE) Apesar de ser do partido integrante da base aliada ao governo e afinado com o ministro da Fazenda, Antonio Palocci, o deputado e empresário, a contragosto do governo, manteve o apoio a criação da comissão de inquérito Wasny de Roure (PT-DF) O parlamentar que havia assinado a lista para criação da CPI não resistiu ao pedido da base aliada ao governo e retirou a assinatura. Foi contemplado com a liberação de uma emenda parlamentar no valor de R$ 13,8 mil, como consta no Siafi SENADORES Fernando Bezerra (PTB-RN) Descontente com os desencontros da base aliada, o líder do governo no Senado deu uma demonstração de independência ao assinar a criação da comissão parlamentar de inquérito e depois viajar para a Europa Hélio Costa (PMDB-MG) O vice-líder do governo no Senado sinalizou ao Palácio do Planalto que está bandeando para a ala oposicionista do partido ao se esquivar de defender a retirada de assinaturas para a CPI dos Correios Wirlande da Luz (PMDB-RR) Suplente do ministro da Previdência, Romero Jucá, ignorou o desgaste de Lula para defender o titular do cargo - acusado de corrupção - e tomou a decisão de apoiar a CPI |
Uma emenda para Wasny
Pressionado pelo governo, o deputado Wasny de Roure (PT) foi um dos parlamentares que recuou e decidiu retirar a assinatura do requerimento de instalação da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI), que investigará um suposto esquema de corrupção nos Correios. "Foi muito difícil. Houve uma decisão da bancada do partido e do governo de impedir a instalação da CPI. Em compreensão e responsabilidade com o governo do presidente Lula, decidi retirar a assinatura", explicou o deputado. Wasny negou que tenha tomado a decisão de retirar a assinatura por causa da liberação de emendas que o governo promoveu às vésperas da instalação da CPI. Somente na última terça-feira, o governo liberou R$ 12 milhões para emendas de parlamentares ao orçamento da União. Nos primeiros cinco meses do ano, o Executivo havia liberado apenas R$ 47 milhões. Segundo levantamento feito no Sistema Integrado de Administração Financeira do governo federal (Siafi), Wasny teve nesta semana a liberação de uma emenda no valor de R$ 13.874. "Minha decisão foi partidária. Não retirei a assinatura por causa de liberação de emenda. Não tive nenhuma emenda liberada em 2004 e 2005", afirmou o deputado. Segundo o parlamentar, a informação do Siafi estaria incorreta. Para Wasny, a CPI é um instrumento legítimo do Congresso, mas, que no caso dos Correios, está sendo usado politicamente pela oposição para prejudicar o governo. "Não há dúvidas de que a oposição quer se aproveitar do episódio para ter um palanque contra o governo", disse. Segundo ele, a CPI vai provocar a paralisação dos trabalhos e votações no Congresso e prejudicar a gestão do governo. De acordo com Wasny, "não dá para o Congresso parar e fazer CPI toda vez que surja um caso semelhante ao que ocorreu nos Correios". O deputado defendeu a atuação da Polícia Federal (PF), que segundo ele, seria suficiente para elucidar as denúncias e revelar os responsáveis pela corrupção. "O governo necessita de alianças, e por mais que seja criterioso, não dá para ter controle absoluto. Temos que trabalhar para evitar este caso que ocorreu com o PTB nos Correios", disse.(LT e SL) |