- 12 de novembro de 2024
O procurador-geral da República, Claudio Fonteles, protocolou nesta quinta-feira no Supremo Tribunal Federal (STF) um pedido de abertura de inquérito contra o ministro da Previdência, Romero Jucá, que teria feito pressões políticas para que a diretoria do Banco da Amazônia liberasse empréstimo para a Frangonorte, empresa da qual foi sócio. Recentemente, Jucá disse que visitou o banco duas vezes em um ano, mas afirmou que isso não caracteriza pressão. Cabe ao Supremo decidir se abre ou não o inquérito.
- Fui pessoalmente ao Basa em 1995 e um ano depois. Isso é fazer pressão? Duas vezes com um intervalo de um ano? Estou muito tranqüilo e minha resposta virá do trabalho que estamos fazendo na Previdência - afirmou o ministro, na comemoração dos 75 anos do senador José Sarney (PMDB-AP).
Uma reportagem da revista "Época" mostrou documentos que relatam a presença de Jucá no Basa para pedir a liberação de R$750 mil, parcela de um empréstimo total de R$18 milhões, de acordo com a revista, para a Frangonorte. Sua presença teria sido registrada por gerentes do banco em 26 de agosto de 1996, quando o ministro já não era mais sócio da empresa.
Segundo a reportagem, a liberação desses recursos dependiam da saída da Frangonorte do Cadin, a lista de empresas devedoras do governo. A revista afirmou ainda que o hoje ministro esteve no banco em 4 de novembro de 1997.
Desde que assumiu a pasta da Previdência, com a tarefa de solucionar a grave crise do setor, Jucá é bombardeado por denúncias. O ministro é acusado de ter apresentado como garantia ao empréstimo do Basa sete fazendas que só existiriam no papel. Jucá sustenta que o responsável pela transação foi seu ex-sócio no empreendimento. O ministro enfrenta também a acusação de uso de funcionários da prefeitura de Boa Vista, administrada por sua mulher, Teresa Jucá, na campanha eleitoral.
Mesmo com o bombardeio, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva frisou que, até que a Justiça julgue os processos contra Jucá, ele será mantido no cargo para levar adiante sua missão: reduzir o déficit previdenciário. As acusações contra o ministro foram abordadas na primeira entrevista coletiva do presidente. Lula reconheceu que sabia das acusações antes de nomeá-lo. Disse que o próprio ministro apresentou-lhe os processos e documentos mostrando as providências tomadas em sua defesa.
- Por enquanto, o ministro Jucá está cumprindo uma tarefa que dei a ele: tentar, de uma vez por todas, acabar com o déficit da Previdência Social. Até prova em contrário, vai continuar fazendo este trabalho.