Por Marlen Lima

Ottomar Pinto (PTB) completa hoje(10) seis meses à frente do governo de Roraima. O Fontebrasil procurou ouvir a avaliação de políticos, empresários e representantes de entidades sobre esse período de administração. A expectativa é sobre o que virá. O governo ainda procura dar um contorno à sua imagem.

Mas apesar de todos os imbróglios em que o Estado passou, e ainda vive, como a questão à titulação das terras e a falta de liberação de recursos federais, o que todos querem é que a real e tão desejada mudança ocorra.

Para tanto, o governo de Ottomar Pinto é dado pelos entrevistados, num primeiro momento, como sendo uma administração positiva onde segue um rumo em direção ao desenvolvimento. Numa outra vertente que se ouviu foi declarações que apontam direções contrárias à realidade vivida em Roraima.

EFICIENTE - O deputado federal Rodolfo Pereira (PDT) afirma que houve melhoras sensíveis, em especial na saúde do Estado. Segundo ele, a educação está boa, "e a agricultura familiar voltou a funcionar". Neste mesmo pensamento, o deputado federal Almir Sá (PL), destaca que o governo Ottomar está tendo bom desempenho, "competente pois está colocando a Casa em ordem e além disso, está mostrando trabalho à sociedade". Sá destaca também que o Estado melhorou sua atuação na saúde, e tem feito o seu trabalho na educação, "e no setor rural temos mais acertos do que erros. O Governo tem sido eficiente".

O deputado federal Alceste Madeira (PMDB), coordenador da bancada destaca que o estilo Ottomar, "ainda que seja centralizador", tem trabalhado em várias vertentes de ações, "e a saúde não está no ideal, mas está melhor do que antes. Para se ter uma idéia, hoje se faz operação de coração, e a classe médica esta prestigiada, estimulada. Existe uma expectativa positiva muito grande. Analiso como ótimo a administração, prova disso é a saúde que não tinha no Interior e agora está atuante. E nesses seis meses todo esse trabalho tem me surpreendido".

VISÃO - Numa avaliação mais cautelosa, o deputado Pastor Frankemberg, presidente do PTB regional, revela que ainda é cedo para se dizer claramente algo sobre o atual governo, "que conta com o nosso apoio, bem como da Executiva Nacional, para que possa implementar ações que venham acabar com muitas interrogações que ainda vemos hoje". O parlamentar ressalta que nesses poucos meses, Ottomar tem mostrado visão de administração, "algo que ele tem, e isso ajuda no que deve ser modificado e aprimorado no governo".

Segundo Frankemberg, o governo estadual passa credibilidade, "e sentimos isso na população, que sente essa confiança. A expectativa é positiva, já que ele tem uma administração forte, e é um político arrojado, mas é cedo e o melhor é esperar para se ter uma idéia mais clara das ações do Estado, para poder analisar o rumo que está sendo tomado é o melhor".

SEM CONTINUIDADE - A deputada Suely Campos (PP), lembra que existe uma certa lentidão na administração estadual, "mas isso é devido como a máquina administrativa foi deixada pelo governo anterior. "Ottomar Pinto, e isso é inquestionável, é um político experiente, sabe o que faz, mas peca na gestão como centralizador, e sua equipe precisa ser mais bem avaliada". Para a parlamentar as constantes mudanças no secretariado não tem ajudado, "pois não gera continuidade de trabalho e isso mexe com o processo administrativo, prejudicando o desempenho do governo, mas ainda assim avalio como bom o papel do governo nesses seis meses".

Suely Campos se baseia na sua avaliação devido ao empenho do governo estadual em resolver as pendengas encontradas da gestão de Flamarion Portela, "que não se sabe o que foi feito com os recursos federais que vieram para cá. Ottomar tem mostrado boa vontade quando começa a recuperar estradas e vicinais com dinheiro da contrapartida do governo e depois esperar pelo recurso federal, que já foi direcionado pela bancada federal".

MAS NEM TUDO É  O QUE PARECER SER - Numa outra ponta da linha política, o que se tem visto do governo Ottomar é um retrato desconsolador, "o que vemos é que não mudou nada em relação ao governo anterior. As estradas continuam deficitárias, a saúde é precária e temos sérios problemas de infra-estrutura. Basta ver quem vai ao Interior e constata que tem carro atolado, hospital sem remédio e sem médico e isso tudo temos registrado, gravado", destaca o Primeiro Secretário da Assembléia Legislativa, deputado Raul Lima.

Para Raul, o próprio governador Ottomar, "não deve estar sabendo o que acontece. Pois não pode ser que ele acredite no que os outros falam quando dizem a ele que está tudo bem. E a verdade é que não está tudo bem". Quem assina em baixo as declarações do primeiro secretário da ALE é o deputado Édio Lopes (PMDB), que resume seu comentário sobre a gestão Ottomar como sendo, "uma decepção absoluta por parte de todos".

Segundo Édio, no Interior, "o homem do campo esperava melhorias nas estradas, ou seja, na infra-estrutura, Na saúde, a coisa não melhorou, piorou. Em se tratando de educação o desastre é maior, e acho que o Ministério Público deveria acionar o governador por não estar cumprindo o que reza a questão de ensino, quando temos escolinhas do Interior, que até agora estão sem aulas, e olha que estamos chegando em junho", lembra o parlamentar.

Para Édio Lopes as principais bases de um governo não existem na administração de Ottomar. Como citou antes, na área da Segurança, o deputado aponta que existem denúncias de torturas, abuso de poder, desvio de conduta na ação dos policias. Para ele é lamentável, "e eu gostaria poder estar falando outra coisa, mas a sociedade esperava mais, mas o que vemos é um governo sem rumo, sem direção, apático, atuando no achismo, no chutão. Não existe uma regra clara e objetiva do governo".

AINDA NA ESPERA - O presidente da Federação do Comércio de Roraima (Fecor), Airton Dias acha que ainda está faltando algo nesse governo. Ele também destaca que existe muita expectativa na sociedade, e no meio político. Antes, no governo Flamarion Portela (sem partido) não havia rumo, "não tinha autoridade e agora o que vemos é que tem". Ele revela que devido a todos os problemas vividos pelo Estado, "como o caso da reserva indígena, desvio de dinheiro público, escândalos dos gafanhotos, e tudo mais, não ajudou na imagem do governo. Mas a tendência é melhorar, e por isso que a atuação do governo é razoável. Mas coloco fé que vai melhorar".

Para o Diretor-geral do Sesc (Serviço Social  do Comércio), Kildo Albuquerque, o governo está fazendo um bom trabalho, "dentro do possível, pois falta recurso, e sabemos que o Estado deve muito". Para ele houve uma ruptura entre o que era no governo Flamarion e o que é hoje no governo Ottomar, "um (de Flamarion) foi acusado de atos ilícitos e isso não vemos hoje na atual gestão, o que resgata uma certa moralização, pois não se ouve falar em atos de irregularidades. Vejo como regular a atuação da administração estadual".