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Lula ataca ministros

A cúpula do PMDB encontrou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva extremamente irritado na noite de quinta-feira. "Eu já estou cansado de pagar pelos erros dos outros", esbravejou em determinado momento da reunião com o partido, no Palácio do Planalto. O ânimo de Lula é o reflexo do quadro desalentador que o governo vive na sua relação política com o Congresso e com os partidos da sua base de sustentação: desarticulado, com medo de colocar em votação qualquer projeto mais polêmico, sem clareza quanto às alianças eleitorais que possa fazer em 2006.


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Rudolfo Lago e Denise Rothenburg
Da equipe do Correio

07/05/2005
19h59 - A cúpula do PMDB encontrou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva extremamente irritado na noite de quinta-feira. "Eu já estou cansado de pagar pelos erros dos outros", esbravejou em determinado momento da reunião com o partido, no Palácio do Planalto. O ânimo de Lula é o reflexo do quadro desalentador que o governo vive na sua relação política com o Congresso e com os partidos da sua base de sustentação: desarticulado, com medo de colocar em votação qualquer projeto mais polêmico, sem clareza quanto às alianças eleitorais que possa fazer em 2006.

O que incomoda o presidente é a sensação de que, mesmo quando os problemas são apontados, ninguém faz nada para corrigir o rumo. O muro é visível, e o caminhão segue firme sem mudar a direção. Sem apontar diretamente para os responsáveis, Lula deixou clara essa cobrança em mais de um momento.

Logo no início da reunião, lembrou que, há uma semana, o presidente do Senado, Renan Calheiros (AL), e o senador José Sarney (AP), já haviam alertado para os problemas no PMDB que levaram à recondução do independente deputado Michel Temer (SP) como presidente do partido por mais um ano. "Renan, conta aí para todo mundo o que você falou para mim na semana passada. Conta aí que, na ocasião, vocês já disseram que isso podia acontecer", afirmou o presidente, tão logo entrou na sala o ministro-chefe da Casa Civil, José Dirceu.

Renan pregou, então, que era preciso encontrar alguma forma de tornar mais coesa a relação entre o PMDB e o governo. De pouco adiantava a Lula ter apenas uma parte do PMDB. Se o partido não entrasse oficialmente na chapa da reeleição, Lula teria o imenso prejuízo de não contar com o tempo de TV da legenda.

Ao contrário, porém, muitos continuavam alimentando e apostando na divisão peemedebista. Entre eles, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e o PSDB. Mas havia gente mais próxima com pensamento semelhante. E as situações em que havia, pelo menos, falta de empenho, se sucediam.

Há três semanas, o próprio Temer esteve no Palácio do Planalto. E chegou a articular a possibilidade de vir a se tornar líder do PMDB na Câmara, como forma de resolver a disputa entre José Borba (PR) e Felipe Saraiva (MG) que, no início do ano, ficaram se alternando no cargo.

Na avaliação peemedebista, tal articulação criou entre os governistas o seguinte sentimento: se Temer pode ser líder do partido, com a confiança do governo, então pode ser presidente também. Primeiro sinal para explicar o comportamento que possibilitou a sua recondução.

Mais recentemente, o mesmo Dirceu declarou apoio à reeleição da governadora Wilma Faria, do PSB, no Rio Grande do Norte. O primeiro efeito foi a renúncia do senador Garibaldi Alves Filho (PMDB-RN), pré-candidato ao governo, do cargo de vice-líder do governo. O segundo efeito: o deputado Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN) aprovou a recondução de Temer na presidência do partido.

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