- 12 de novembro de 2024
Levantamento feito pelo STF confirma morosidade dos tribunais, apesar do número suficiente de juízes. O grande problema é a dificuldade de agrupar processos semelhantes para que tenham decisões idênticas
José Varella/CB/27.4.05 |
Nelson Jobim: O sistema não permite rapidez nas decisões |
Eficiência no STJ O estudo do STF apontou que de cada cem processos que dão entrada em todas as esferas judiciais brasileiras, 40,74 são julgados no mesmo ano, em média, e 59,26 têm o julgamento postergado para os anos seguintes. A "taxa de congestionamento" na Justiça do Brasil é de 59,26% dos processos. O estudo mostra ainda que a maior taxa de congestionamento está na primeira instância da Justiça Federal, que deixou de julgar 81,37% dos processos no ano avaliado pela pesquisa. O levantamento mostra que a segunda instância da Justiça do Trabalho, com 20,56% dos processos não julgados no mesmo ano, é a mais eficiente. Entre as instâncias superiores, o Tribunal Superior do Trabalho (TST) não consegue julgar 69,1% dos processos e o STF, presidido por Jobim, 58,67%. O Superior Tribunal de Justiça (STJ ), com 31,12% dos processos postergados é o mais eficiente dos três. No período analisado na pesquisa, 17,495 milhões de novos processos deram entrada em todas as áreas da Justiça no Brasil, ou seja, o julgamento de 10,367 milhões desses processos foi postergado. Na ocasião da pesquisa, o Judiciário tinha 246.632 servidores, ou 139,4 por cem mil habitantes, e ainda 991.276 metros quadrados de área nas instâncias da Justiça estadual, do Trabalho e Federal. "Os dados da pesquisa mostram que temos de trabalhar no fortalecimento das Justiças dos Estados e que a decisão de primeiro grau se torne definitiva porque hoje a sua definitividade é próxima a zero", disse Jobim. Na avaliação do ministro, além do fortalecimento das primeiras instâncias do Judiciário, é preciso uma reforma de gestão do sistema. "Quando se fala que o sistema não está bem, não significa que as pessoas estejam desidiosas (negligentes). O quadro de juízes é preparado e qualificado, mas o sistema não permite que possa desenvolver com rapidez as decisões", concluiu Jobim. |