- 12 de novembro de 2024
Edersen Lima, Editor
Brasília - A poucos dias de completar seis meses à frente do governo do estado, o brigadeiro Ottomar Pinto, parece que ainda não saiu do nevoeiro administrativo que encontrou.
Os problemas continuam os mesmos. Na saúde (faltam médicos, medicamentos e sobram suspeitas de beneficiamento familiar); na educação (atraso nas aulas no interior e transporte escolar com licitações suspeitas); obras (poucas e só para poucos amigos); segurança pública (a violência cresceu e administrativamente falta comando); as inúmeras denúncias na Merenda Escolar e na Polícia Militar caíram no esquecimento; geração de empregos, só para parentes e correligionários. Pior. A homologação da Raposa Serra do Sol ocorreu no seu mandato
As reclamações ao governo não estão só nos sussurros. Na Assembléia Legislativa, nos tribunais, dentro do próprio Hélio Campos e principalmente, nas ruas, o clima de insatisfação tem gerado o questionamento: o que mudou nos últimos seis meses?
"Nada. Lamentavelmente, nada. Mas poderia ser pior. Embora o governador não tenha uma lista de ações relevantes realizadas ou em andamento, poderia estar pior. O Flamarion (Portela), por exemplo, não administrava mais. Ou melhor, nunca administrou, porque sempre esteve fazendo o que alguém mandava", disse um deputado estadual.
"Ele (Ottomar) criou muita expectativa, e hoje o que estamos vendo é que ele anda cansado, sem pique, dormindo em solenidades... talvez sonhando com a reeleição", alfinetou uma autoridade judicial.
"A preocupação do Ottomar é com a sua reeleição. Ele assumiu e não se fez de rogado em buscar logo entendimentos com quem lhe fazia oposição. Não houve jogo de cena. Ele chamou todo mundo pra conversar pra montar uma grande aliança para 2006. Alí (governo) cabe de inimigo político à gafanhotas (Sônia Natrod e Aurelina Medeiros)", comentou um deputado federal.
"O desprendimento com o próprio orgulho que o Ottomar vem demonstrando é de se tirar o chapéu. Nos dois anos em que ele ficou batendo perna sozinho em Brasília aguardando o dia que o TSE julgaria suas ações contra Flamarion, nenhum desses senadores e deputados federais o convidou para tomar um cafezinho. Hoje, só faltam dançar ciranda-cirandinha juntos", comentou um correligionário histórico do brigadeiro.
Ottomar, hoje, governa com os principais aliados de Flamarion, e com uma vantagem para eles. O governador distribui contratações de serviços públicos com mais generosidade que seu antecessor. É o caso da Alto Astral Produções, do deputado Chico Rodrigues, que esteve ao lado de Flamarion desde quando ele assumiu o governo em abril de 2002. Em menos de seis meses com Ottomar, a empresa faturou mais do dobro do que em dois anos com Flamarion: R$ 1,2 milhão para fazer propaganda governamental de nível questionável.
NEPOTISMO
Já recaem sobre os ombros do homem que denunciou fraudes nas administrações anteriores, acusações parecidas. O nepotismo é digno do defendido pelo presidente da Câmara, Severino Cavalcanti. Ottomar empregou todas as filhas, os genros, sobrinhos, cunhado, agregados, além da mulher, Marluce Pinto, desempregada do serviço público desde 2003. Um dos genros, é dono da empresa responsável pela valiosa obra na Maternidade Pública, coisinha de meio milhão de reais sem licitação.
Tudo bem que empregar toda a família e ainda destinar serviços pagos com dinheiro do contribuinte para empresas de genros pode não ser irregular, mas no mínimo, é imoral.
Outra obra, uma escola do interior no valor de R$ 750 mil, está nas mãos de um novo empreiteiro roraimense, compadre de Ottomar e Marluce, e que mal concluiu o segundo grau. Um novo "cão pelado".
Seis meses de governo e o relato sobre a administração de Ottomar Pinto está só começando, mas as observações, cobranças e críticas já estão em campo, correndo de boca em boca, há algum tempo. O suficiente para fazê-lo chegar desgastado e ainda mais perdido em 2006.