00:00:00

DESVENTURAS DE UM PAÍS TROPICAL - Márcio Accioly

Com o dedo imundo dos EUA colocado na ferida, o que se pretende com a Raposa/Serra do Sol é o despovoamento da fronteira com a Venezuela, facilitando-se a tomada de suas jazidas minerais. Promovendo-se, também, maior isolamento do presidente Hugo Chávez que é uma pedra no sapato da política externa norte-americana.


Stephen Zweig batizou o Brasil como "país do futuro". De degrau em degrau, porém, há seis décadas vimos recuando e jogando fora a possibilidade de desenvolvimento. Somos o país do atraso, dominado por elite perversa e por dirigentes calhordas em sua maioria Boa Vista - A população brasileira de forma geral não está tomando conhecimento do que agora acontece em Roraima, pois a maioria dos meios de comunicação, notadamente emissoras de televisão, está nas mãos do capital financeiro mundial. Fora dos limites do estado, torna-se muito difícil abrir os olhos de nosso povo com relação ao desmonte roraimense. Vivemos num país de maioria analfabeta, condição alimentada pelas redes televisivas (Rede Globo à frente), onde se privilegia a pornografia, a corrupção e a alienação absoluta. A homologação da Reserva Indígena Raposa Serra do Sol é apresentada ao país inteiro como se fosse necessidade básica de etnias que vivem na Região. Essas etnias viriam perdendo espaço devido à invasão de suas terras pelo homem branco. Ressalvando-se a verossimilhança da cobertura realizada por jornais impressos (embora lidos por minoria no universo populacional), o engodo televisivo prevalece. Por saber que não será responsabilizado, o presidente Dom Luiz Inácio (PT-SP) decidiu remover de uma só sentada dezenas de fazendeiros e famílias que ali se encontram há mais de um século. Incluindo, sem argumento convincente, parte da área onde se produz arroz (25 mil hectares plantados) e prejudicando atividade econômica que responde por mais de seis mil empregos diretos na exportação para estados da Região Norte. Com o dedo imundo dos EUA colocado na ferida, o que se pretende com a Raposa/Serra do Sol é o despovoamento da fronteira com a Venezuela, facilitando-se a tomada de suas jazidas minerais. Promovendo-se, também, maior isolamento do presidente Hugo Chávez que é uma pedra no sapato da política externa norte-americana. É esse o principal tema da pauta a ser discutida com o presidente brasileiro, na visita que a secretária de Estado dos EUA, Condoleezza Rice inicia nesta terça-feira (26) a nosso país. Os norte-americanos querem o despovoamento total da fronteira do Brasil com a Venezuela, utilizando os indígenas como massa de manobra. E desejam derrubar Chávez para tomar o petróleo do quarto maior produtor do planeta. Os roraimenses estão conscientes da manobra, mas é muito complicado fazer com que o restante da população do país entenda o rumo dos acontecimentos. Numa nação de cultura oral como a nossa, seria preciso campanha maciça das emissoras de televisão, com a participação de todos. Tal medida, por razões óbvias, está proibida. A política externa dos EUA entra em visível fase de desespero. Com a perspectiva de esgotamento de seu petróleo (num máximo de quatro anos), Tio Sam começa a distender violentamente, ampliando tentáculos. O presidente George W. Bush solicitou a Dom Luiz Inácio permissão para instalar três bases militares na Região Amazônica. Recebeu um não que poderá se tornar sim, dependendo dos desdobramentos. Seu antecessor, FHC (1995-2003), quis entregar a Base de Lançamento de Alcântara no Maranhão e só não conseguiu o intento porque a reação do Congresso Nacional e da população foi negativa. Os derivados de petróleo na Venezuela são vendidos na moeda local, o bolívar. Um litro de gasolina custa o equivalente a cerca de 19 centavos de real. Na capital de Roraima, o litro de gasolina é cobrado no posto de abastecimento a dois reais e 55 centavos. Essa gritante diferença de preço estimula o contrabando do produto desde a fronteira, situada a cerca de 219km de Boa Vista. Como se sabe, a cotação de nossos derivados, mesmo no mercado interno, é em dólar. Os EUA querem nos tomar tudo: petróleo, território, minérios e produção econômica (nas taxas extorsivas de juros), pois não têm mais como sustentar seu poderio. Na falta de argumento, eles invadem Afeganistão, Iraque e quem mais lhes fizer oposição. Tomam tudo e não pagam nada. E ainda chamam a isso de capitalismo, embora se trate tão-somente e claramente de roubo puro e simples. Email: [email protected]

Últimas Postagens