- 19 de novembro de 2024
O ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, disse que o governo federal vai deslocar um efetivo do Exército para Roraima a fim de reforçar a segurança no estado. Ainda não há previsão quando os soldados desembarcarão em Boa Vista, mas provavelmente isso ocorrerá durante esta semana. "Isso está nos nossos planos", disse Bastos, que reiterou: o governo não vai recuar da homologação da reserva Raposa Serra do Sol. O Exército vai ajudar a garantir a ordem e evitar a obstrução das rodovias federais e estaduais em Roraima. Índios e não-índios contrários à demarcação da reserva em área contínua bloquearam no domingo a rodovia BR-174, perto de Pacaraima. De acordo com a POLíCIA FEDERAL, os quatro agentes que foram feitos reféns por índios podem ser libertados hoje. Eles estão desde sexta-feira retidos na aldeia Flechal, localizada próxima ao município de Uiramutã. O superintendente da PF no estado, José Francisco Mallmann, disse que os índios, ligados à Sociedade de Defesa dos Indígenas Unidos do Norte de Roraima (Sodiur), aceitaram negociar com um representante da Funai. Até domingo, eles cobravam a presença de Márcio Thomaz Bastos. "A Sodiur está se mostrando mais aberta para negociações e não está mais exigindo a presença do ministro da Justiça", disse Mallmann. Na aldeia vivem 750 índios da etnia macuxi. Quase todos ligados a Sodiur, organização formada por dissidentes do Conselho Indígena de Roraima (CIR). De acordo com integrantes do CIR, a outra organização é manipulada por fazendeiros e grileiros da região. "O governo estadual está incitando essas pessoas. Elas ganham uns trocados para se unir aos madeireiros, grileiros e garimpeiros", acusou Dionito José de Souza Macuxi, representante do CIR. Ele disse que a população indígena da Raposa Serra do Sol é de 16.639 pessoas e que a Sodiur não representa mais do que mil índios. "Eles que se dizem contra vão ter de conviver pacificamente com todos os outros na reserva", declarou. Para o vice-presidente do Conselho Indigenista Missionário (Cimi), Saulo Feitosa, as manifestações contra a homologação não devem surtir o efeito desejado pelos que são contrários à reserva em área contínua. Feitosa acredita que a detenção dos policiais é uma manobra para a "viabilização legal da grilagem de terras" em Roraima.