- 19 de novembro de 2024
Boa Vista - Em denúncia publicada pela Folha de Boa Vista (RR), no dia 26 de agosto de 1999, Arnaulf Bantel, ex-oficial da Força Aérea Brasileira (FAB), repetiu depoimento prestado à Procuradoria Geral do Estado que deveria ter sido bem apurado para que se punissem os responsáveis. Mas tudo passou batido. O ex-oficial declarou que, na demarcação da reserva indígena wai-wai, o argumento utilizado pelos antropólogos foi no mínimo falacioso. Eles disseram que os indígenas em questão se encontravam na região "desde tempos imemoriais". Acontece que Bantel foi um dos pilotos da FAB que trouxeram os wai-wai do território da então Guiana Inglesa, na década de 60, "para evitar o massacre daquela etnia por parte dos índios tiriós que habitavam o sul do Suriname". E falou a respeito da Operação Mapuera, "cuja missão foi abrir pistas de pouso ao longo da fronteira do Brasil com a Guiana, na região do rio Anauá, onde os wai-wai habitam anualmente". São poucos os brasileiros que tomam conhecimento dessas manobras e artifícios, utilizados pelas potências do chamado primeiro mundo, países interessados na nossa água e riqueza mineral. A idéia implantada pelos meios de comunicação (a serviço e soldo do capital financeiro mundial) é a de que os índios são pessoas que estão sendo simplesmente despojadas de suas terras. Uns pobrezinhos que precisam do cuidados dessas potências. Na realidade, com a campanha de desarmamento promovida pela Rede Globo (a Igreja Católica está pressionando pela imediata aprovação do referendo no Congresso Nacional), o que se busca é limpar caminho para a ocupação pura e simples do território brasileiro por forças estrangeiras. A falta de informação é tão grande e de tão fácil constatação que a excelente página da Associação dos Engenheiros da Petrobrás - AEPET - (www.aepet.org.br) fez a seguinte pesquisa entre seus leitores: "- A demarcação da área da Raposa Serra do Sol é um crime contra a soberania nacional?" Até à tarde da última sexta-feira (22), 67% dos que responderam diziam que "não", enquanto 33% achavam que "sim". Entrega-se o país, sem a menor resistência. O jornalista Carlos Chagas afirmou, no seu programa da Rádio Jovem Pan, que Bush pediu ao presidente Dom Luiz Inácio (PT-SP), na recente viagem a Roma (quando do funeral do Papa), autorização para a instalação de três bases militares dos EUA na Amazônia brasileira. Lula respondeu "não", sem convicção, pois está pensando no assunto. Em 2002, o presidente FHC (1995-2003) só não entregou a Base de Alcântara no Maranhão, aos EUA, porque houve intensa mobilização e gritaria nacional. Os mesmos tucanos que aí estão, "combatendo" o governo petista (incluindo o senador Arthur Virgílio PSDB-AM), são os que disseram "amém" a todas as aberrações praticadas na gestão FHC. Por conta de decisões tomadas com base em laudos antropológicos, o Brasil vai diminuindo de tamanho e vendo sua soberania ameaçada. Em Brasília, aonde foi com o governador Ottomar de Sousa Pinto (PTB), buscando reverter essa demarcação que causará enormes prejuízos à economia de Roraima, o chefe da Casa Civil, José Luiz Clerot, afirmou que "a União tem de oferecer resposta ao problema fundiário do estado". O governador impetrou ação popular com o objetivo de suspender os efeitos do decreto presidencial que homologou a Raposa/Serra do Sol. E o senador Mozarildo Cavalcanti (PTB) ingressou no Supremo Tribunal Federal (STF) com "Medida Cautelar Preparatória" com pedido de liminar. Mozarildo mostrou-se surpreso com o fato de o STF ter decidido extinguir a reclamação 2833 (para julgar a Portaria 820/98), sob o argumento de "perda de objeto, já que teria sido revogada pela Portaria 534/2005". Acontece que a Portaria 534 só foi publicada depois da decisão do STF, caso típico de o efeito vir antes da causa. É preciso lembrar que o presidente do STF, Nelson Jobim, viajou a Roma no mesmo avião com Dom Luiz Inácio, FHC, Sarney e o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB), que foi quem assinou a Portaria 820, na gestão FHC. No vôo, além dos acertos da demarcação, Dom Luiz Inácio e FHC trataram de conversar a respeito de CPIs que pretendem evitar, tanto de um lado quanto do outro, já que suas administrações estão com mais furos do que tábua de colocar pirulito. É mais do que visível o esgotamento da atual estrutura econômica mundial, na clara falência do sistema capitalista, sem que se enxergue saída a curto ou médio prazo. A água vai se tornando escassa no planeta e os recursos naturais se encontram no fim. Os países do primeiro mundo, que não dispõem de matéria-prima para abastecer suas economias, caminham a largos passos para dominar os emergentes. A bola da vez é o Brasil. Email: [email protected]