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Arrozeiros se negam a sair de reserva em RR e prometem resistência armada

A reação mais radical à homologação da reserva indígena Raposa Serra do Sol está sendo articulada por um grupo de plantadores de arroz liderado pelo prefeito de Pacaraima, Paulo César Justo Quartieiro (PDT). Ele defende abertamente a resistência armada ao processo de retirada da população não-índia.


Vasconcelo Quadros Enviado especial BOA VISTA A reação mais radical à homologação da reserva indígena Raposa Serra do Sol está sendo articulada por um grupo de plantadores de arroz liderado pelo prefeito de Pacaraima, Paulo César Justo Quartieiro (PDT). Ele defende abertamente a resistência armada ao processo de retirada da população não-índia. Desde que o governo anunciou, de surpresa, o decreto que homologou a demarcação de 1,758 milhão de hectares - englobando na reserva os cerca de 100 mil hectares usados pelos arrozeiros -, Quartieiro vem estimulando a desobediência à decisão do governo e até o enfrentamento das forças federais, se necessário. A mais recente articulação de Quartieiro tem pretensão de estender o movimento à Venezuela. 'A nós, brasileiros de Pacaraima, restam duas opções: reagir ou aceitar o aniquilamento. Optamos pela reação', diz um dos trechos da carta que ele enviou ao alcaide (cargo equivalente a prefeito no Brasil) de Santa Elena, Manuel de Jesus Vallez, em que reclama que Pacaraima está sitiada por forças federais e afirma que a decisão do governo brasileiro acaba com o sonho da integração e do mercado comum entre Brasil e Venezuela. Pacaraima fica na fronteira e desenvolve um comércio praticamente livre com a Venezuela. O prefeito pediu ajuda de Vallez para marcar audiência com autoridades da chancelaria venezuelana em busca do apoio do presidente Hugo Chávez. Seu argumento: toda a faixa de fronteira estaria virando território de ongs americanas com a finalidade de minar a influência de Chávez no continente. Numa reunião dos produtores com o governador Ottomar Pinto, um dia depois de anunciado o decreto, o prefeito afirmou que a homologação representa uma intervenção federal. Ele falou em separatismo e pediu que o governador comandasse a resistência. Brigadeiro da Aeronáutica, o governador considerou a sugestão desmedida, disse que a reação seria 'uma loucura', mas garantiu aos produtores que montaria uma trincheira jurídica para tentar reverter a decisão no Supremo Tribunal Federal. Disse que, se não encontrar espaço no Judiciário brasileiro, levaria o caso a uma corte internacional. 'Se preciso, vamos a Haia', afirmou. A busca da assessoria do escritório do ex-ministro de Relações Exteriores Francisco Rezek, que o governador articulou ontem em Brasília, tem no horizonte jurídico a clara finalidade de globalizar a contenda. ATENTADO Um atentando à casa do professor universitário Fábio Almeida de Carvalho , coordenador do Núcleo Insikiran de Formação Superior Indígena da Universidade Federal de Roraima, na madrugada de ontem, marcou a divisão dos que são contra ou a favor da homologação da reserva. A Polícia Federal abriu inquérito para investigar o caso. Ninguém ficou ferido. Pela manhã, Carvalho recebeu um telefonema em que o interlocutor fez claras ameaças vinculando a motivação do atentado à sua atuação ligada às questões indígenas e deu três dias para que deixasse o Estado.

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