- 19 de novembro de 2024
Brasília - Por essa a gente não esperava: Um ministro de estado fazendo propaganda para o Fontebrasil. Em São Paulo, o ministro Romero Jucá se disse vítima de adversários políticos, inocentou a grande imprensa e acusou "uns sites" de estarem por trás da divulgação em massa de supostas irregularidades públicas. Estes "sites", traduzindo Romero, é o Fontebrasil. A gente agradece, ministro, a força e o apoio promocional. Mas diverge quanto ao poder de comandar a grande imprensa em ação tão maldosa, recheada de inverdades e calúnias, não é? O Fontebrasil não tem esse poder todo, apesar do ministro afirmar que sim. Na realidade, há um grande equivoco. O ministro não se atentou para a base, o mote, os fatos que geram as reportagens em que aparece supostamente como protagonista de rolo atrás de rolo. Quando este Fontebrasil publicou a primeira reportagem sobre o calote do Basa, em 5 de dezembro de 2003, o site tentou ouvir o então senador, que nem deu bola. Documentos do banco, os mesmos que a grande imprensa se orientou a investigar o caso, serviram de ponto de partida para a nossa matéria. Do mesmo modo, a imprensa vem se pautando por documentos e certidões que, a priori, sustentam ligações estranhas, suspeitas de Romero Jucá com irregularidades públicas diversas. Não sabemos o que pensa o ministro. Pelas justificativas que dá, é fácil ele dizer que não tem nada a ver com o calote do Basa; que não tem nada a ver com a TV Caburaí; que não tem nada a ver com a Fundação Roraima; que não tem nada a ver com Fábio Monteiro de Barros; que não tem nada a ver com calote no Banerj; que não tem nada a ver com shopping em Recife; que nada tem a ver com venda de madeira tirada de reserva indígena... e que é um homem sem vícios, probo e honesto. Resta saber se a sociedade acredita. A grande imprensa, pelo visto, lido e ouvido, não. O Fontebrasil tem apenas repercutido as matérias veiculadas nos grandes jornais e fazendo curtos comentários a respeito dos textos publicados. O site entende que está tudo muito claro e o leitor é inteligente o suficiente a ponto até de não merecer considerações além do que vem sendo apresentado. No mais, a gente volta a agradecer, ministro. E diante de tantas notícias e desculpas, encerramos este texto com o refrão de "O tempo não pára", de Frejat e Cazuza: A tua piscina está cheia de ratos; tuas idéias não correspondem aos fatos. O tempo não pára. ------------------------------------------------------------------ A LETRA DE "O tempo não pára" Disparo contra o sol Sou forte, sou por acaso Minha metralhadora cheia de mágoas Eu sou um cara Cansado de correr Na direção contrária Sem pódio de chegada ou beijo de namorada Eu sou mais um cara Mas se você achar Que eu tô derrotado Saiba que ainda estão rolando os dados Porque o tempo, o tempo não pára Dias sim, dias não Eu vou sobrevivendo sem um arranhão Da caridade de quem me detesta A tua piscina tá cheia de ratos Tuas idéias não correspondem aos fatos O tempo não pára Eu vejo o futuro repetir o passado Eu vejo um museu de grandes novidades O tempo não pára Não pára, não, não pára Eu não tenho data pra comemorar Às vezes os meus dias são de par em par Procurando agulha no palheiro Nas noites de frio é melhor nem nascer Nas de calor, se escolhe: é matar ou morrer E assim nos tornamos brasileiros Te chamam de ladrão, de bicha, maconheiro Transformam o país inteiro num puteiro Pois assim se ganha mais dinheiro A tua piscina tá cheia de ratos Tuas idéias não correspondem aos fatos O tempo não pára Eu vejo o futuro repetir o passado Eu vejo um museu de grandes novidades O tempo não pára Não pára, não, não pára