- 19 de novembro de 2024
Boa Vista - Se ainda restasse alguma dúvida, com relação à natureza entreguista da gestão do presidente Dom Luiz Inácio Lula da Silva (PT-SP), esta teria rolado por terra, em definitivo, com a publicação da Portaria n° 534 do último dia 13, homologando a demarcação da Reserva Indígena Raposa/Serra do Sol. Trata-se de área que representa quase 10% de todas as terras do estado de Roraima, no extremo norte amazônico brasileiro. Fato de tão grave magnitude deveria estar sendo discutido nacionalmente no horário nobre, em todas as emissoras de televisão, substituindo todo e qualquer capítulo de novela. Para que o país inteiro quedasse devidamente esclarecido acerca de seus efeitos e traumas. Isso, se a maioria dos meios de comunicação não estivesse fortemente comprometida com o capital financeiro internacional que é, em última instância, quem nos domina. A estapafúrdia decisão, no entanto, corre o risco de ser apagada do noticiário em curto espaço de tempo, já que esses mesmíssimos meios de comunicação irão se empenhar em mascarar o que se encontra por trás da vil manobra. E a derrocada do estado de Roraima, mais um largo passo em direção à destruição do Brasil, será menos sentida do que o impacto mundial causado por recente tsunami que varreu a região onde se localiza a Indonésia. Muito embora os efeitos da Portaria 534, para o nosso país, sejam muito mais nocivos e devastadores. Ela faz parte de ação programada pela inteligência desumana de nossos colonizadores. O que se observa nessa decisão é a efetivação de atos seqüenciais que têm como principal objetivo a submissão e dominação, na ocupação pura e simples do nosso território por forças estrangeiras. É possível que o próprio Dom Luiz Inácio não possua, sequer, noção exata do que está ocorrendo. Perdido em infindáveis viagens internacionais, num avião estalando de novo e abarrotado de bebidas alcoólicas, sua excelência, pode-se dizer, exibe-se inteiramente aéreo, à margem da realidade. Aliás, numa das últimas reuniões que manteve com o governador de Roraima, Ottomar de Sousa Pinto (PTB), o presidente confessou estar "de saco cheio" com intermináveis pressões internacionais para que assinasse de uma vez por todas a deletéria portaria. Apesar de a expressão se prestar mais adequadamente para conversa de botequim (ou bar de beira de estrada), foi ela exatamente que Dom Luiz Inácio deixou escapar: "- Estou de saco cheio". E não se negou a fazer o que lhe pediam. Pois este extemporâneo Papai Noel de Ongs estrangeiras, beneficiador do chamado primeiro mundo, esvaziou seu saco de bondades nas mãos dos interesses alienígenas. Decidiu entregar um milhão, 743 mil, 89 hectares, 28 ares e cinco centiares de terra a uma população indígena que seu próprio governo calculou em 16 mil e 484 almas. Espaço territorial no qual se concentram imensuráveis jazidas minerais, na Região Norte do Brasil, local onde se contabiliza ainda o depósito de cerca de 73% da água doce existente. Para se ter idéia do que a área representa, basta dizer que ela corresponde a quase três vezes o espaço territorial do Distrito Federal (onde vive população de mais de dois milhões de habitantes) e a quase o tamanho do estado de Sergipe (Região Nordeste). A partir de agora está proibido, de acordo com o Artigo 5° da aludida portaria, "o ingresso, o trânsito e a permanência de pessoas ou grupos de não índios dentro do perímetro ora especificado". O homem branco foi expulso dos limites da área pertencente aos índios, embora os índios não estejam proibidos de circular no espaço reservado aos brancos. Essa homologação é acontecimento tão esdrúxulo que a maioria dos índios da região ficou contra, pois depende diretamente da assistência do Estado nos segmentos de suas atividades diárias: energia, transporte, educação, saúde e merenda escolar, entre outras, já que a Funai simplesmente inexiste para tal provisão. A Portaria 534 é medida caótica, mais uma a se materializar no âmbito da desordenada administração petista. Lamentável relembrar que, ao longo da campanha eleitoral presidencial de 2002, o PT havia se posicionado não apenas contra esse, mas enfaticamente contra outros absurdos semelhantes. Lutar contra o procedimento espúrio é dever inalienável de todos os brasileiros. É indispensável que se busque o esclarecimento de todo o país. (continua).