- 19 de novembro de 2024
Brasília - Duas perguntas têm sido feitas repetidas vezes sobre as denúncias contra o ministro Romero Jucá: Onde está o sistema de inteligência do governo que não informou ao presidente sobre todas essas acusações? E, como, durante tanto tempo, Romero vem passando imune a tudo isso, embora os processos e denúncias continuem vigorando? No mínimo, é muito suspeito que uma pessoa com folha corrida dessas não passe de uma grandiosa vítima. Mas, levantando um pouco o tapete, veremos que Romero Jucá se livrou das provas da Receita Federal nas denúncias de desvio de dinheiro público porque o TCU entendeu que as mesmas não foram obtidas por meio judicial. O rolo houve, a apuração dele é que não vale para se fazer justiça. A mulher de Romero, Teresa Jucá, foi condenada pelo TCU no dia 8 de março de 2001. A condenação (processo 2001.42.00.001588-6) foi enviada para a Justiça Federal executar. Isso ainda não aconteceu. Sua passagem na Funai marcada pelas acusações de que negociou madeiras de terras indígenas. O Ministério Público de Roraima recebeu a tão badalada denúncia de compra de votos na campanha de 2002, em outubro daquele ano, e até segunda-feira (11) desta semana não havia feito o que tem que fazer quando denúncia envolve um parlamentar federal, que é enviar o processo para Brasília. O Conselho de Ética do Senado não acatou a denúncia de que Romero tinha desviado dinheiro da Eletronorte para a campanha de Teresa ao governo em 1998, com ajuda do então superintendente da estatal, Waldemar Jonhanson, porque a fita da conversa entre os dois havia sido obtida sem mandado da Justiça. O teor da conversa nem foi levado em consideração. O mesmo Conselho, deixou pra lá o fato de Romero ter levado uma servidora do seu gabinete para trabalhar na campanha de Teresa em 1998. O Senado continuou pagando seus salários durante os meses em que ela ficou em Roraima divulgando a imagem da candidata. A ficha do Basa caiu de que havia levado um calote de Romero em 1996. De lá prá cá nada lhe aconteceu. A dívida aumentou e o banco continua a ver navios nesse caso. Romero vai à rádio e chama um promotor de Justiça, de "promotorzinho". O chefe dos promotores não toma providências e ainda vai à solenidade de posse do ministro Jucá aplaudir o seu discurso. A rádio que criticava a administração de Teresa Jucá sofre censura velada da Justiça. Os anos de chumbo estão de volta. Os gafanhotos do governo foram presos e humilhados. Os da Prefeitura continuam passando muito bem em Brasília. E o MPE só assiste. Diante de toda essa poeira levantada, começo a achar que errados são os denunciantes que insistem - diante de tanta mobilidade da Justiça, do Conselho de Ética do Senado e do MPE - em malhar com ferro frio a limpa e branca história de Romero Jucá.