- 19 de novembro de 2024
Jailton de Carvalho Enviado especial BOA VISTA. Um relatório reservado da Procuradoria da República em Roraima informa que metade dos recursos liberados pelo Banco da Amazônia (Basa) para a Frangonorte não foi aplicada no projeto, como previa a proposta original do empréstimo. A partir de informações deste e de outros documentos, o procurador-geral da República, Claudio Fonteles, deverá decidir se pede ou não abertura de inquérito para investigar o ministro da Previdência, Romero Jucá (PMDB). O ministro, um dos donos da Frangonorte, foi beneficiário de um empréstimo de R$ 1,5 milhão do Basa em 1996. Até hoje, nove anos depois, a dívida não foi quitada. Segundo um dos responsáveis pela investigação, apenas oito dos 18 galpões que deveriam ter sido construídos foram feitos. O projeto do maior abatedouro de frangos de Roraima está abandonado. Jucá comprou a Frangonorte em 1995. Na época o projeto tinha débitos de R$ 4,5 milhões, mas estava negociando um empréstimo adicional de R$ 1,5 milhão com o Basa. No ano seguinte, depois da liberação do financiamento, Jucá tentou, sem sucesso, se desfazer do projeto e das dívidas. Nos últimos anos, o Basa passou a cobrar o dinheiro emprestado à Frangonorte. As sete fazendas oferecidas como garantia do empréstimo não existem, segundo reportagem da "Folha de S.Paulo". Antônio Carlos de Almeida Castro, um dos advogados de Jucá, disse que as fazendas foram empenhadas por um dos sócios do ministro. - Vamos mostrar que o ministro nada tem a ver com isso e que o empréstimo é absolutamente regular - disse. Visitas a ministros do Supremo Tribunal Federal Investigado pelo Supremo Tribunal Federal por suspeita de envolvimento em desvio de dinheiro público em Cantá, um município de Roraima, Jucá tem conversado freqüentemente com os ministros da corte. Na última quarta-feira, ele foi recebido no gabinete do ministro Gilmar Mendes. Ontem, o presidente do STF, Nelson Jobim, se encontrou com Jucá. Os encontros não foram divulgados pela agenda oficial do tribunal. Gilmar Mendes disse que Jucá nem sequer comentou sobre o inquérito que corre contra ele no Supremo. Disse ainda que a reunião foi feita para tratar de ações de interesse do INSS que estão para ser julgadas no STF. Jobim disse que o motivo de seu encontro com Jucá foi o mesmo. No entanto, essas versões ficaram desencontradas com as informações prestadas pela assessoria de Jucá. O Ministério da Previdência divulgou que o ministro foi ao Supremo, nas duas vezes, para cumprimentar Jobim pelo seu aniversário. Os 59 anos de Jobim foram comemorados na última terça-feira em uma cerimônia no tribunal. A assessoria de Jucá disse que o ministro foi ao Supremo, depois do aniversário, para se desculpar pelo fato de não ter podido ir à festa.