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Testemunhas acusam Jucá de compra de votos

A Justiça Eleitoral em Boa Vista começa a ouvir hoje testemunhas num processo no qual o ministro da Previdência, Romero Jucá, e mais sete políticos de Roraima são acusados de envolvimento num esquema de compra de votos de 29 mil eleitores e do uso de servidores públicos na campanha eleitoral de 2002.


Jailton de Carvalho Enviado especial O Globo BOA VISTA (RR). A Justiça Eleitoral em Boa Vista começa a ouvir hoje testemunhas num processo no qual o ministro da Previdência, Romero Jucá, e mais sete políticos de Roraima são acusados de envolvimento num esquema de compra de votos de 29 mil eleitores e do uso de servidores públicos na campanha eleitoral de 2002. A denúncia foi feita em 24 de outubro de 2002 pelo procurador da República Age Florêncio da Cunha, que pede a cassação do mandato de senador de Jucá e de seus supostos cúmplices por abuso de poder econômico. Segundo um dos investigadores do caso, Jucá foi intimado a se explicar. Parte das informações foi enviada ontem ao procurador-geral da República, Claudio Fonteles. O procurador decidirá se pedirá ao Supremo Tribunal Federal (STF) abertura de inquérito criminal contra Jucá e os demais acusados. A denúncia é amparada em documentos apreendidos pela Polícia Federal e em depoimentos de três servidoras públicas municipais integrantes de um grupo de militantes encarregado de aliciar eleitores nos bairros pobres de Boa Vista. Segundo a denúncia do Ministério Público Federal, aliados de Jucá arregimentaram no primeiro turno da campanha eleitoral de 2002 39 pessoas, a maioria servidoras da Prefeitura de Boa Vista, para comprar eleitores por R$ 100. Os eleitores deveriam votar nos candidatos de PSDB, PMDB e PST, especialmente em Jucá, na senadora Marluce Pinto e na deputada Maria Helena Veronezze. Eleitores recebiam R$ 100 Cada eleitor receberia R$ 50 de manhã e o resto no fim do dia, depois da votação. O grupo, divido entre "militantes", "elos responsáveis" e "correntes", tinha a missão de conferir as listas de votação para saber se os eleitores haviam cumprido o compromisso. Uma das supostas integrantes do grupo que comprava votos era a agente comunitária Gilma de Azevedo. Funcionária da Secretaria de Gestão Participativa, com salário de R$ 1.045, Gilma disse que trabalhou na campanha de Jucá, elaborando listas de eleitores. Em depoimento ao Ministério Público em outubro de 2002, Gilma disse que "as listas montadas representavam uma verdade: tratava-se de eleitores arregimentados para votar nos candidatos e na coligação que lhes fossem indicados, recebendo pagamento de R$ 100 por seus votos". As acusações foram reforçadas por Maria José Bezerra de Araújo e Edilene Ferreira, funcionárias da prefeitura de Boa Vista, comandada por Tereza Jucá (PPS), mulher de Jucá. A partir das 10h de hoje, o juiz Luiz Fernando Mallet, da 1 Zona Eleitoral, começará a ouvir testemunhas e acusados.

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