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Depoimentos de 2002 que acusam Jucá chegam só agora a Fonteles

A Procuradoria Geral de Justiça de Roraima deixou de comunicar à Procuradoria Geral da República, em Brasília, por um dois anos e oito meses, a existência de depoimentos de funcionários que, contratados pela Prefeitura de Boa Vista (RR), alegam ter trabalhado na campanha eleitoral de 2002 do senador Romero Jucá (PMDB).


RUBENS VALENTE Folha de S. Paulo A Procuradoria Geral de Justiça de Roraima deixou de comunicar à Procuradoria Geral da República, em Brasília, por um dois anos e oito meses, a existência de depoimentos de funcionários que, contratados pela Prefeitura de Boa Vista (RR), alegam ter trabalhado na campanha eleitoral de 2002 do senador Romero Jucá (PMDB). A decisão do procurador-geral de Justiça de Roraima, Edson Damas da Silveira, de entrar em contato com o procurador-geral da República, Claudio Fonteles, só foi tomada ontem à tarde -após a revista "Época" ter revelado, no último fim de semana, depoimentos prestados em julho de 2003 ao Ministério Público roraimense. A assessoria da procuradoria de Roraima confirmou que Damas esteve na posse do ministro, em Brasília, no mês passado. Segundo a assessoria, ele "casualmente estava em Brasília" para um encontro de procuradores e decidiu ir "prestigiar a posse do ministro" porque, "afinal de contas, ele [Jucá] é uma autoridade do Estado". Por lei, os senadores têm foro privilegiado, cabendo às autoridades que não têm competência legal para investigá-los informar os supostos indícios à Procuradoria Geral da República. Segundo a assessoria, ontem Silveira telefonou para Fonteles, que requisitou o envio de cópia do procedimento aberto em Roraima. Fonteles avaliará a hipótese de abertura de investigação. Ainda segundo a assessoria em Roraima, a decisão não fora tomada antes porque a citação ao então senador, em "dois ou três" depoimentos, teria sido "indireta". No entanto, em pelo menos um dos depoimentos o nome de Jucá é referido textualmente. Lucimeire Dominici Pereira disse: "A partir de 2002 (...) parou de trabalhar na secretaria [municipal] para trabalhar apenas na campanha do senador Romero Jucá, marido da prefeita, e do candidato Ottomar de Souza Pinto, e de seu grupo político". A nota da Promotoria de Roraima, divulgada sábado, em virtude da reportagem da revista, revela que o processo está parado desde agosto de 2003. Após tomar os depoimentos que acusavam Jucá, o procurador de Justiça decidiu pedir parecer do TCE (Tribunal de Contas do Estado). Desde então, Silveira aguarda resposta. Ele teria cobrado o TCE em setembro de 2004, mas não houve resposta. Os funcionários que dizem ter trabalhado para a campanha de Jucá, eleito senador em 2002, foram contratados pela prefeitura na gestão da mulher do ministro, Teresa Jucá. O vínculo formal foi feito através de contratos com a Cooperativa Roraimense de Serviços, que, na gestão de Teresa, forneceu mão-de-obra terceirizada para a prefeitura. Recebeu mais de R$ 29 milhões. Procurada ontem, a assessoria do ministro não respondeu a um pedido de explicações sobre os depoimentos. À revista "Época", Jucá declarou que os funcionários que o acusavam seriam ligados a políticos adversários. A assessoria da Prefeitura de Boa Vista disse que iria se manifestar sobre o assunto, o que não ocorreu até a noite de ontem.

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