- 19 de novembro de 2024
A grande jogada do sistema financeiro internacional foi implantar o que se convencionou chamar de "globalização". Transformou-se o mundo num simples curral de submissos. Assim como os eleitores da República Velha brasileira compareciam às urnas com suas chapas de votação já montadas, o voto de cabresto (sabendo-se de antemão quem seria o ungido), a estrutura capitalista mundial converteu os que dependem dos meios de produção em meros escravos. Para alcançar tal objetivo, os agentes financeiros se apossaram dos meios de comunicação e vêm dominando inteiramente corações e mentes. Hoje, a questão do curral eleitoral se atualiza: a maioria dos mandatos é comprada a peso de ouro com o próprio dinheiro público. Criou-se círculo vicioso em que o eleito rouba para comprar votos que lhe garantam mandato que vai garantir roubo contínuo. E vez por outra se escolhe bode expiatório para que se defenda a lisura do regime. No que se refere ao domínio dos recursos naturais dos países classificados como emergentes, a operação é mais complicada. A rede que se armou é tão sofisticada que poucos percebem estar sendo enganados todos os dias. Mesmo que a verdade nua e crua lhe salte aos olhos, é difícil ver e crer. Os jornais de províncias, nos estados de nossa Federação, estão sempre socorrendo interesses particulares ou de grupos, estabelecendo limitações intransponíveis. Isso, no micro-universo. Tudo é controle. No universo macro, ou seja, no que diz respeito ao país em si, temos por exemplo uma rede de emissoras, como a Globo, que praticamente governa o Brasil de Norte a Sul. É ela quem formula princípio ético e moral que nada tem a ver com valores tradicionalmente referidos. É verdade que as sociedades são dinâmicas. Tudo flui e se alterna, invertendo situações aparentemente impossíveis. Mas a manipulação direta a que somos submetidos, apesar de claramente evidente, é pouco percebida. Quem não acompanha mudanças do cotidiano, termina por se descobrir preso a estação passada do tempo, perdido em incontornável anacronismo. É a isso que se chama de conservadorismo. No livro imperdível, "A Assustadora História da Maldade", Oliver Thomson descreve inacreditáveis mudanças sociais ocorridas ao longo da existência humana. Nós não devemos parar no tempo, ficar preso a acontecimentos longínquos. O que acontece, no entanto, é que os meios de comunicação, em especial a televisão (numa cultura oral como a nossa), determina o comportamento e dinâmica do dia-a-dia. Os meios de comunicação têm primado no trabalho de alienação das populações. Veja-se o caso da Argentina, na gestão Carlos Menem (1989-99), quando o país foi quase completamente destruído, ao vender suas estatais a grupos estrangeiros sem nenhum compromisso com a nação. No Brasil, durante o desgoverno FHC (1995-2003), a Rede Globo defendia diariamente a política de privatização. Tratava-se, na realidade, do desmonte de tudo construído pelos brasileiros, na entrega pura e simples de empresas governamentais e riquezas naturais. FHC dizia que iria vender estatais para pagar juros das dívidas. Só que, em 2003, o Brasil pagou cerca de 140 bilhões de reais de juros e, em 2004, foram 155 bilhões de reais sem que houvesse redução do valor principal devido. Os meios de comunicação dizem que "se o país deve, tem de pagar", condenando o calote mas sem explicar as razões de dívida que cresce em cima de juros de agiota, impossíveis de saldar. Enquanto isso, as TVs oferecem pornografia no horário nobre, desviando a discussão dos assuntos sérios, pois a grande maioria da mídia encontra-se comprometida com os que praticam a extorsão, dependendo dependem diretamente de seus recursos financeiros para sobreviver. Não obstante a criação da Internet, sem qualquer dúvida o maior engenho já produzido pela habilidade humana, a censura nos meios de comunicação é uma constante. São poucos os que têm acesso à Internet, aparato tecnológico que exige um mínimo de conhecimento e de recurso financeiro. Mas a sua criação derrubou de vez a censura. O feitiço parece virar contra o feiticeiro. Os mais ricos, financiando estudos e pesquisas, oferecem ferramentas indispensáveis no desmascaramento de suas próprias atitudes pífias. Por tudo isso, nas contradições, o mundo se encaminha para desfecho preocupante de proporções sem medida. Email: [email protected]