- 19 de novembro de 2024
Sandro Lima Da equipe do Correio Acuado por uma série de denúncias de corrupção, o ministro da Previdência, Romero Jucá (PMDB-RR), começa a ser questionado por integrantes do seu próprio partido. Ontem, o senador Pedro Simon (PMDB-RS) afirmou que a responsabilidade pela indicação é do governo. O deputado Geddel Vieira Lima (PMDB-BA) foi mais longe e disse "que não se sente na obrigação de defender o ministro". "Tenho o maior apreço pelo ministro Romero Jucá, mas foi uma indicação do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL). Não passou pelo partido, não passou pela bancada. Não houve discussão interna", disse Geddel. Segundo o deputado, o PMDB não tem que defender Jucá. "Não entro no mérito das denúncias, mas o partido não deve assumir essa luta", afirmou. De acordo com Geddel, a defesa de Jucá tem que ficar a cargo dele mesmo e de quem o escolheu para o ministério. "A indicação de Jucá foi uma deferência do presidente Lula para Renan. Não me sinto no dever de defender o Jucá. Quem tem que fazer isso é o Renan", criticou. Na mesma linha de Geddel, Simon também afirmou que a indicação foi de Renan e que a bancada não foi consultada. Em entrevista à rádio CBN, Simon atribuiu ao governo a responsabilidade da escolha "mesmo sabendo das denúncias contra ele (Jucá), pois a imprensa as vinha publicando desde dias antes da nomeação." Ressaltando que defende a garantia de governabilidade no Congresso, Simon discordou da forma como o PMDB estaria "sendo cooptado" para apoiar o presidente Lula e os projetos de interesse do governo. "A participação do partido no governo, na forma como está sendo feita, desqualifica a aliança e merece contestação", reclamou. De acordo com Simon, pela história e pela presença em todo o território nacional, o PMDB "deve ter candidato próprio à Presidência da República", afirmou. Para o senador, "só então seria possível sentar à volta de uma mesa para discutir programas e chegar a um entendimento", afirmou. Pressão do PT A pressão em torno da demissão de Jucá começou na noite de terça-feira, quando o deputado João Paulo Cunha (PT-SP) afirmou que o ministro da Previdência tinha dar explicações mais claras a respeito das denúncias de corrupção. Para João Paulo, as declarações de Jucá a respeito das irregularidades não foram convincentes. O senador Eduardo Suplicy (PT-SP) endossou cobrança feita pelo ex-presidente da Câmara deputado João Paulo Cunha (PT-SP) sobre a necessidade de o ministro da Previdência, Romero Jucá, comprovar sua inocência em relação às denúncias de que é alvo. "Acho importante, para o bem do ministro, que ele dê os esclarecimentos cabais que lhe estão sendo solicitados", disse. Perguntado se as explicações dadas até agora por Jucá foram insuficientes, o senador optou por uma saída diplomática. "Quando o esclarecimento for inteiramente satisfatório e cabal as dúvidas vão acabar". Para Suplicy, é importante que o ministro dê esclarecimentos que o inocentem da acusação de ter feito operações sobre as quais há dúvidas. Ele lembrou que, da forma como agiu até agora, não conseguiu convencer nem a imprensa nem ao Ministério Público. "Então, numa situação como essa é mais do que natural que ele seja o primeiro a esclarecer os fatos", insistiu