- 19 de novembro de 2024
Brasília - O senador Gilberto Mestrinho (PMDB-AM) acusou hoje (31) o Sivam - Serviço de Vigilância da Amazônia - de só fornecer as informações obtidas pelo sistema do monitoramento da região "depois que esse órgão tiver autorização da empresa americana Raytheon que forneceu os equipamentos". Mestrinho, que reassumiu sua cadeira de Senador pelo Amazonas depois de 120 dias de licença médica, sugeriu, em tom de ironia, que o governo brasileiro passe a monitorar as atividades do Sivam, contra o que ele considerou uma interferência descabida da empresa nos interesses do país e da Amazônia. Em seu primeiro pronunciamento ao reassumir o Senado, o senador Gilberto Mestrinho exigiu da tribuna que o governo federal proceda ao imediato monitoramento do Sivam. "É um projeto que custou mais de US$ 1 bilhão aos cofres públicos e que não está cumprindo sua finalidade", observou Mestrinho. Na opinião de Mestrinho, a implantação do Sivam causou muita discussão, muita polêmica, "muitas denúncias até, mas a verdade é que foi implantado", para verificar com clareza, com facilidade, e identificar os aviões voando na região amazônica no tráfico de drogas, poderia monitorar o uso da floresta, orientar a execução de grandes projetos e dar ao Amazonas e à Amazônia um mapa da vida da região, das várias atividades desenvolvidas na região. O projeto Sivam foi implantado, radares foram montados, muito dinheiro foi gasto, bem acima do que era calculado, especificado para o uso no projeto, mas a verdade é que o Sivam não está funcionando --, acusou Mestrinho. E contou para espanto dos senadores presentes no plenário: "Há pouco tempo caiu um avião quase no portão do Sivam em Manaus, e o Sivam não sabia; também o Sivam não detecta os vôos dos contrabandistas que atuam na região". Segundo Mestrinho há poucos dias a polícia federal apreendeu uma quantidade muito grande de cocaína, e as pessoas que foram presas transportando a droga confessaram que um outro avião havia jogado na região do rio Juruá, também, outro carregamento de cocaína. "Só que o Sivam não vê nada disso; não vê aquilo para o qual foi criado", criticou. Dependência O senador Gilberto Mestrinho denunciou uma situação que para ele cheira a interferência americana nos interesses do país na Amazônia: a atividade de monitoramento da floresta amazônica não é divulgada pelo Sivam, porque tais informações só são liberadas, segundo ordens obedecidas pelo órgão, depois de uma autorização expressa da Raytheon, que forneceu os equipamentos eletrônicos, e o software é controlado pela empresa. "Então para que serviu o Sivam?", perguntou. Mestrinho disse que o governo brasileiro tem conhecimento do que está ocorrendo com o Sivam. "Isso não está certo", advertiu Mestrinho, "porque o Sivam pode desmistificar muitas lendas, muitos equívocos e muitas informações falsas que dão sobre a região amazônica. O senador amazonense criticou as notícias segundo as quais o desmatamento de 22 mil quilômetros quadrados na Amazônia em 2004 poderia provocar o fim da floresta amazônica. "Eles(os ambientalistas ) não olham que a Amazônia tem uma área de 550 milhões de hectares e se esse processo continuasse - e ninguém quer isso -, ao contrário, nós queremos é um controle racional da exploração florestal, mas se essas pessoas raciocinassem, veriam que se esse processo continuasse e não nascesse mais nenhuma árvore na Amazônia, nós levaríamos mais de 200 anos para destruir a floresta". O senador Hélio Costa (PMDB-MG), em aparte, informou que o Secretário de Defesa dos Estados Unidos, Donald Rumsfeld, esteve no Brasil na semana passada mas não foi para discutir com o governo Lula questões da Venezuela ou do Haiti, mas para conversar sobre a venda de mais equipamentos americanos para o Sivam. "Na verdade, ele veio para tratar de equipamentos do sistema. Fizeram não funcionar o sistema para, assim, obrigar o governo a comprar mais", acusou o senador mineiro. Mestrinho disse que Donald Rumsfeld visitou o Sivam, coincidentemente em sua visita ao Brasil. "O Sivam é um grande negócio, é de interesse americano. Primeiro porque da a eles (americanos) dados sobre toda a vida da Amazônia. Tudo se faz, tudo se pensa, tudo se quer, - eles mostra, lá (nos Estados Unidos). Por fim, o Sivam é um bom negócio empresarial", disse o senador Gilberto Mestrinho.