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O GOVERNO PERDIDO NAS CONTRADIÇÕES - Márcio Accioly

Proprietário do jornal Folha de Boa Vista (que costuma veicular em determinados dias da semana uma coluna intitulada "Parabólica", na qual faz a apologia da retidão e dos bons costumes), Getúlio Cruz, à época em que era adversário do ministro, chegou a publicar em manchete de primeira página, certa ocasião, que ele possuía um gato em sua fazenda roraimense, utilizado para roubar energia.


Brasília - Ainda não se sabe nada a respeito da posição oficial do Palácio do Planalto, com relação às irrespondíveis denúncias contra o ministro da Previdência Social, Romero Jucá Filho (PMDB-RR). Se fosse num país onde as instituições funcionassem, o senador já teria renunciado não apenas ao cargo, mas à vida pública. Não se espera que tome tal medida, mas sua queda no cenário político nacional é dada como certa. Como se sabe, o ilustre senador recebeu empréstimo do Basa (Banco da Amazônia) e deu como garantia sete fazendas inexistentes no interior do Amazonas. Em qualquer país do mundo, onde as instituições funcionassem, sua excelência teria sido imediatamente afastado. O governo petista, que assumiu sob a bandeira da ética (embora tenha sofrido guinada de 180 graus), irá referendar atestado de cúmplice da bandalheira e da desordem, caso não reverta o quadro. E já está demorando além da medida. Interessante foi observar o senador, ao assumir a Previdência, declarar que iria lutar "contra a fraude" e desvios. Mas como poderia, se ele próprio é acusado de fraude? Sua excelência, tal qual seu companheiro Jader Barbalho, cometeu grave equívoco ao imaginar que poderia atuar no plano nacional como se estivesse em Roraima, onde amordaça a imprensa e tem grande parte dos profissionais da área a seu soldo. Nesta terça-feira (29), o procurador-geral da República, Cláudio Fonteles, deu o prazo de 20 dias para que Filho explique os empréstimos recebidos do Basa e do Banco do Brasil, "ao tempo em que era seu proprietário". Quando os primeiros foram liberados, a empresa Frangonorte (abatedouro de frangos na periferia de Boa Vista, cujas instalações se encontram abandonadas), pertencia ao deputado estadual Sérgio Ferreira. O ministro está fugindo da imprensa e se pronunciou a respeito do caso através de nota assinada por um seu assessor. Ele credita a responsabilidade ao ex-sócio Luiz Carlos Fernandes de Oliveira, que também não tem sido localizado ultimamente. Apesar de o ex-governador nomeado do extinto território federal de Roraima Getúlio Cruz (PT) estar também envolvido, o senador Jucá Filho tem evitado citar o seu nome. Proprietário do jornal Folha de Boa Vista (que costuma veicular em determinados dias da semana uma coluna intitulada "Parabólica", na qual faz a apologia da retidão e dos bons costumes), Getúlio Cruz, à época em que era adversário do ministro, chegou a publicar em manchete de primeira página, certa ocasião, que ele possuía um gato em sua fazenda roraimense, utilizado para roubar energia. Nunca se apurou nada a respeito. A estratégia do Palácio do Planalto parece ser a de ficar na moita e esperar que o ruído diminua. Mas fica difícil segurar o ministro no cargo. No seu retorno da Venezuela, o presidente Dom Luiz Inácio deverá ter uma conversa com ele, quando irá solicitar formalmente que se afaste da Previdência. O nível das pressões já se eleva às alturas. Toda essa celeuma irá atingir, frontalmente, os planos de Filho que pretende disputar o governo roraimense nas eleições do próximo ano. Na imprensa do estado, ainda não saiu uma só linha a respeito do assunto, em especial na TV Bandeirantes, pertencente ao grupo político do senador. Mas não se tem como ocultar, devido a internet e aos jornais que chegam dos grandes centros e são disputados pelos interessados. A verdade é que Romero Jucá Filho se encontra desmascarado. Mantê-lo no cargo é corroborar a fraude, o roubo, a hipocrisia e a patifaria. Elevando a canalhice ao cume da glória. Com a palavra, o inapetente e inoperante Dom Luiz Inácio. Email: [email protected]

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