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Severino afirma que leva "cacete", mas "agüenta"

Ao ser ovacionado ontem por empresários e sindicalistas como algoz da medida provisória 232, que aumentava impostos para prestadores de serviço e corrigia a tabela do Imposto de Renda, o presidente da Câmara, Severino Cavalcanti (PP-PE), aproveitou os holofotes para rebater as "críticas sórdidas" que, segundo ele, vem recebendo nas últimas semanas.


FÁBIO ZANINI RANIER BRAGON Ao ser ovacionado ontem por empresários e sindicalistas como algoz da medida provisória 232, que aumentava impostos para prestadores de serviço e corrigia a tabela do Imposto de Renda, o presidente da Câmara, Severino Cavalcanti (PP-PE), aproveitou os holofotes para rebater as "críticas sórdidas" que, segundo ele, vem recebendo nas últimas semanas. "Queremos que vocês nos ajudem, porque tenho levado cacete", disse a empresários e a representantes da Força Sindical reunidos em evento na Câmara contra a MP, que ontem foi derrotada devido a um recuo do governo. Antecipando que novos ataques virão, ele mostrou uma posição desafiadora. "Todas as críticas que quiserem fazer, façam, que Severino agüenta", afirmou. A principal delas é sobre as acusações de nepotismo. A Folha revelou que Severino emprega seis parentes na Casa e que pelo menos outros 96 deputados tiveram seus cônjuges empregados pela Câmara nos últimos anos. O presidente da Câmara também aumentou a verba de gabinete dos parlamentares (usada para pagamento de salários de assessores), depois de ver sua proposta de elevar os salários dos deputados fracassada. Ele procurou transformar as críticas a que vem sendo submetido em um ataque aos parlamentares de forma geral. Para isso, usou novamente a rejeição da MP. "É preciso compreensão. Foram os deputados, muitas vezes criticados, que levantaram a voz [contra a MP]", declarou. Também pediu ajuda às cerca de 200 pessoas presentes no ato. "Não aceitem que se critiquem os deputados, que não têm nada a oferecer além de trabalho. São críticas sórdidas. Eles [a imprensa] deturpam", afirmou A imprensa também foi criticada à noite, quando Severino presidia a sessão no plenário: "A imprensa persiste em afirmar que aprovei medidas que representariam um rombo de R$ 30 bilhões aos cofres públicos. De onde tiraram isso? Não é apenas o presidente da Câmara que aprova, são também os representantes do povo, eleitos pelo voto livre". "Píncaros da glória" Uma semana depois de ter entrado em rota de colisão com o Palácio do Planalto por causa da reforma ministerial, Severino também fez ontem um agrado público ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Para Severino, Lula atingiu os "píncaros da glória". O presidente da Câmara falava a empresários e a parlamentares reunidos no lançamento da "Agenda Legislativa da Confederação Nacional da Indústria" e passou a elogiar o Sesi (Serviço Social da Indústria), que oferece cursos técnicos e profissionalizantes. Foi nesse momento que se referiu a Lula, que, na verdade, cursou o Senai (Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial) nos anos 60, quando aprendeu a ser torneiro mecânico. "Ele [Lula] conseguiu chegar lá, atingiu os píncaros da glória. Passou por essa escola [o Sesi], que deu oportunidade para um homem do Nordeste chegar à Presidência da República", afirmou.

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