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NÓS, OS BOBOS DA REDE GLOBO - Márcio Accioly

Como se sabe, o antecessor de Dom Luiz Inácio entregou todas as bilheterias do setor elétrico a multinacionais que só fizeram majorar tarifas, demitir funcionários e comer recursos financeiros públicos, já que a bandalhice foi financiada com dinheiro do BNDES. Nenhum dos principais envolvidos, leia-se PT e PSDB, pretendia vê-la funcionar.


Brasília - Depois de cerca de 15 dias de marchas e contramarchas, é possível que a Câmara dos Deputados instale amanhã a CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) do setor elétrico. Ela irá investigar parte da roubalheira acontecida na chamada "privatização" (entre aspas), ocorrida durante a gestão presidencial FHC (1995-2003). Como se sabe, o antecessor de Dom Luiz Inácio entregou todas as bilheterias do setor elétrico a multinacionais que só fizeram majorar tarifas, demitir funcionários e comer recursos financeiros públicos, já que a bandalhice foi financiada com dinheiro do BNDES. Nenhum dos principais envolvidos, leia-se PT e PSDB, pretendia vê-la funcionar. A CPI só vai entrar em ação graças a providências tomadas pelo atual presidente da Câmara, deputado Severino Cavalcanti (PP-PE), que não tem medido esforços nesse sentido. Por isso que a Rede Globo e a chamada grande imprensa, vinculadas ao capital financeiro mundial, fazem o que estiver ao alcance para tirar-lhe o crédito. Antes de ser alçado ao Palácio do Planalto, o PT denunciava a privatização, os desmandos que ocorriam no Legislativo e a falência da atividade política nacional. João Paulo Cunha (PT-SP), antecessor de Severino, garantiu na disputa da reeleição parlamentar de 2004 que iria lutar pela instalação de tantas CPIs quantas fossem necessárias, pois o país não deveria arcar com o ônus da irresponsabilidade de seus dirigentes. Depois de reeleito e conduzido à Presidência da Câmara (o que lhe conferiu indiscutível poder), João Paulo concedeu entrevista em que afirmou ter utilizado aquele argumento "apenas para alcançar seus objetivos". E autorizou a invasão da Casa, pela Polícia Militar do Distrito Federal, que reprimiu manifestantes contrários à reforma da Previdência. Mas o pior foi ver o BNDES perdoar, na administração Dom Luiz Inácio (PT-SP), uma dívida de 193 milhões e 700 mil dólares (correspondente a juros de mora devidos por atraso no pagamento) à firma norte-americana AES. Ela havia "comprado" a Eletropaulo com dinheiro do BNDES. De maneira que ficou claro que o capitalismo defendido pelo PT tem mão única: o de venha a nós tudo, mas, ao vosso reino, nada! Como o PT iria fazer CPI? Dom Luiz Inácio, que se encontra na Venezuela passeando no novo avião, enquanto fuma cigarrilhas holandesas, mobilizou a administração federal para impedir que se investigue no Congresso Nacional absurdos cometidos na gestão FHC, pois, em contrapartida, faz tudo para evitar CPIs que apurem desmandos cometidos na sua própria seara. A gestão petista, além de aprofundar entreguismo desvairado advindo da fase tucana, exibe vocação autoritária fascista que não permite debate interno ou discordância. É só lembrar a expulsão dos deputados federais Babá (PA), João Fontes (SE) e Luciana Genro (RS), bem como da senadora Heloísa Helena (AL), por se recusarem a votar medidas contrárias àquelas defendidas pela legenda em praça pública. Na última eleição para a Presidência da Câmara, o PT em momento algum admitiu que poderia perder e tentou empurrar goela abaixo o nome do deputado federal Luiz Eduardo Greenhalgh (PT-SP). O comentarista político Franklin Martins (Rede Globo) afirmou no Jornal Nacional, na noite em que aconteceria a votação, que Greenhalgh iria suceder João Paulo. Nem a emissora nem o jornalista se desculparam diante dos telespectadores. Agora, com as ações tomadas pelo presidente Severino, a Globo busca desacreditá-lo, enquanto continua a escamotear indizíveis indecências. Pendurada no Orçamento da União, a emissora pretende reinar eternamente. É preciso que tais ações nefastas tenham fim. Email: [email protected]

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